Com o novo modelo de concessões ferroviárias que se desenha no Brasil, a Ferroeste – estatal que administra a estrada de ferro de Cascavel a Guarapuava – planeja abrir mão da operação da ferrovia e de suas locomotivas para se tornar uma gestora da subconcessão que vai operar no trecho. A intenção é assumir um papel de planejamento do transporte ferroviário no Paraná e deixar de lado os gastos milionários com combustível e equipamentos que limpam o caixa da estatal.
Mudança - A mudança vai ocorrer por causa da nova cara das concessões. Atualmente, a mesma empresa mantém as estradas de ferro e opera os trechos. No Plano de Investimento em Logística (PIL), as empreiteiras adquirem a concessão para construir e cuidar da manutenção das ferrovias, e as empresas de logística, cooperativas e grandes empresas pagam pela carga movimentada ao longo do percurso.
Fundamental - “É uma mudança fundamental para que os investimentos ferroviários contemplem o Paraná”, afirma o diretor presidente da Ferroeste, João Vicente Bresolin Araújo. Está previsto no programa do governo federal que o novo corredor ferroviário de Maracaju (MS) a Paranaguá passe pelo trecho concedido à estatal. “Não queremos travar um investimento gigantesco no estado”, explica. O projeto do governo federal está incialmente orçado em R$ 10 bilhões e não deve ficar pronto antes de 2017.
Gerenciamento - Em todo o país, quem vai gerenciar as concessões às empreiteiras e a operação com os usuários será a Valec. No Paraná, a estatal nacional contará com a ajuda da Ferroeste, que vai receber parte da taxa de uso da nova ferrovia no trecho de Dourados (MS) até Guarapuava.
Providencial - O desfecho acabou sendo providencial para a empresa, que há anos acumula prejuízos – em 2010 foram R$ 13 milhões e, em 2011, R$ 10 milhões. “Não é função do estado gastar com equipamento ferroviário, com diesel. Vamos passar para uma posição de planejamento”, afirma Bresolin. Hoje, só com combustível, a estatal gasta R$ 500 mil por mês.
Enxugamento - A nova função também vai implicar um enxugamento do quadro de funcionários. A estimativa é de que 30 pessoas trabalhem no planejamento do desenvolvimento ferroviário do estado – hoje a estatal tem 150 funcionários. “As pessoas podem ser aproveitadas pela futura concessionária. Não existem muitos profissionais no mercado com a experiência do nosso pessoal”, diz o executivo.
Compartilhamento - A partir de setembro a Ferroeste e a América Latina Logística (ALL) vão compartilhar suas malhas na ligação de Cascavel até o litoral paranaense. O acordo, que permite que os trens de uma empresa rodem nas vias da outra companhia, deve aumentar em 28% a capacidade produtiva do trecho, estima a estatal. “A ferrovia está subutilizada no modelo atual, com uma empresa dependendo da outra para fazer o percurso completo das cargas”, explica o presidente da Ferroeste, João Vicente Bresolin Araújo.