Mato Grosso foi o estado com maior queda percentual nas exportações para os Estados Unidos após o aumento de tarifas imposto pelo governo de Donald Trump a produtos brasileiros. O dado consta em um levantamento inédito do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre) sobre os impactos do chamado tarifaço nas exportações estaduais, divulgado pela GloboNews nesta terça-feira (21).
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Conforme a reportagem, o estudo analisou o desempenho das exportações brasileiras para os EUA em setembro de 2025, comparando com o mesmo mês de 2024, a partir de dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Em termos proporcionais, Mato Grosso registrou a maior redução, de 81%, seguido por Tocantins (74,3%), Alagoas (71,3%), Piauí (68,6%), Rio Grande do Norte (65%) e Pernambuco (64,8%).
Em valores absolutos, Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo tiveram as maiores perdas. Minas Gerais liderou com queda de US$ 236 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhão) em exportações para os EUA em um ano, seguida por Santa Catarina (US$ 95,9 milhões) e São Paulo (US$ 94 milhões).
Os pesquisadores apontam que a redução mais acentuada em Mato Grosso está relacionada à concentração da pauta exportadora, com destaque para carne bovina, produtos de origem animal e madeira - segmentos diretamente afetados pelas novas tarifas.
Nos estados nordestinos, as perdas também foram influenciadas pela composição das exportações, que incluem frutas, peixes e mel, produtos não isentos da sobretaxa.
Segundo o pesquisador do FGV Ibre Flávio Ataliba, o estudo evidencia a necessidade de diversificar produtos e mercados de destino para reduzir a vulnerabilidade de economias estaduais a medidas unilaterais de parceiros comerciais.
“Talvez o impacto do tarifaço tenha sido um pouco menor do que o imaginado, principalmente porque foi compensado, em parte, por produtos que já estavam isentos e tiveram aumento em suas exportações em alguns estados. Isso é positivo, pois ajuda a atenuar os efeitos sobre os itens tarifados”, afirmou.
O levantamento também mostra que, em alguns estados, produtos isentos da sobretaxa ajudaram a conter as perdas. Em São Paulo, por exemplo, as exportações de aviões, suco de laranja e óleos leves cresceram mais de 14% em um ano. Fenômeno semelhante foi observado na Bahia, com aumento das vendas externas de produtos industriais e agrícolas fora da lista de taxação.
De acordo com a FGV, o cenário reforça a importância de fortalecer a internacionalização das economias regionais, com foco na diversificação de produtos e mercados para mitigar impactos de medidas protecionistas.