O secretário da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), Cesár Miranda, afirmou que falta um 'pulso forte' do governo federal após o diretor financeiro da multinacional francesa Danone anunciar que suspendeu as compras de soja do Brasil devido às exigências na legislação da União Europeia antidesmatamento. O Ministério de Agricultura e Pecuária do Brasil (MAPA) e outras entidades criticaram o posicionamento da empresa.
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Na última semana, o diretor financeiro da Danone, Jurgen Esser, afirmou à agência de notícias Reuters que a multinacional não estava mais comprando soja brasileira e passou a adquirir a oleaginosa de países asiáticos. O motivo seria um ajuste antes de a legislação da União Europeia sobre o desmatamento entrar em vigor.
O objetivo é exigir que as empresas comprovem que não estão adquirindo commodities provenientes de áreas desmatadas. A Comissão Europeia deve propor um adiamento de um ano da implementação. Mato Grosso seria um dos afetados pela suspensão da compra pela multinacional, já que o estado é o maior produtor de soja do Brasil.
Diante da repercussão negativa, a multinacional divulgou uma nota de posicionamento na manhã desta terça-feira (29), alegando que a Danone continua comprando soja brasileira em conformidade com as regulamentações locais e internacionais. Ressaltou ainda que a oleaginosa brasileira é um insumo essencial na cadeia de fornecimento da companhia no Brasil.
Para o secretário da Sedec, é necessário que o Governo Federal efetue um diálogo mais efetivo com a União Europeia para que o Brasil, e Mato Grosso, não sofra com 'boicotes' já que o estado e o país possuem uma das legislações florestais mais rígidas do mundo.
"É uma multinacional e a gente sabe como eles fazem para boicotar o agronegócio brasileiro, principalmente as empresas europeias. Falta um pulso forte do governo federal, da diplomacia brasileira, temos legislações internacionais para que esse tipo de absurdo não possa acontecer", disse o secretário.
A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) também classificou o ato da multinacional como 'boicote' e afirmou que este é um ato de discriminação contra a produção de grãos do Brasil. O MAPA também criticou o posicionamento da empresa, alegando que o Brasil conta com uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo, apoiada por um sistema de comando e controle eficiente e respaldado por uma complexa estrutura de monitoramento e fiscalização.
"Mato Grosso é o lugar que mais produz alimentos, tanto proteína vegetal quanto animal, protegendo mais de 60% do seu território." Isso é um absurdo e também cabe ao brasileiro, que tem o mínimo de consideração com o produtor brasileiro que coloca comida na mesa de todos, de também não comprar produtos de empresas que queiram nos boicotar e exigir que o governo federal se posicione e não permita que a nossa soberania seja atacada.", ressaltou.