O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Fernando Cadore, avaliou que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia deve provocar aumento no custo de produção, com relação aos combustíveis e fertilizantes, o que deve refletir no preço dos produtos nas prateleiras e impactar a vida dos consumidores. Em contrapartida ele também avalia que isso pode aumentar a dependência dos outros países do que é produzido no Brasil, já que a Ucrânia é uma importante produtora de alimentos para a Europa. No entanto, ele recomenda que os produtores fujam do ambiente especulativo.
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Cadore afirmou que existem algumas perspectivas com relação ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Uma é com relação ao que é fornecido ao Brasil e outra é o que é fornecido pelo nosso país. Segundo ele o custo de produção deve aumentar por causa da alta do petróleo e a dificuldade de compra de fertilizantes.
“O primeiro impacto que temos é no preço do petróleo e consequentemente dos combustíveis, né? [...] O barril de petróleo já ultrapassa os US$ 100, algo que não ocorria desde 2014. Então já tem um impacto direto na produção, que é no consumo de combustíveis, desde a produção até o transporte e a ponta final. [...] Nessa mesma esteira nós temos o fornecimento de fertilizantes, mais de 20% dos fertilizantes utilizados no país vem da Rússia e daquele conglomerado, os portos utilizados são de lá, então a gente pode ter esse impacto também no custo”.
O aumento do custo é a principal preocupação do setor produtivo brasileiro. Porém, o presidente da Aprosoja disse que este aumento é algo que já vem ocorrendo ao longo do tempo, independente da crise Rússia/Ucrânia. Ele disse que a safra de 2022 e 2023 pode ficar empatada ou inviável.
“E quando custa caro para o setor produtivo, principalmente de matéria prima, que somos nós, pagamos a conta também, como cidadão, na prateleira do supermercado, no custo de vida, mesmo o país sendo um grande produtor mundial de alimento”, afirmou.
Outra perspectiva apontada é sobre a produção da Ucrânia. O país é um dos maiores produtores de milho do mundo e um grande produtor de soja, trigo, aveia e outros grãos, sendo um importante fornecedor de alimentos para a Europa, inclusive para a Rússia. Com a guerra, países que dependem da produção ucraniana ficarão dependentes de outros países produtores como a Argentina, os Estados Unidos e o Brasil. A Aprosoja, porém, recomenda que os produtores não se arrisquem.
“Então a gente acompanha com apreensão o passo a passo, que vai nos dizer o que de fato vai acontecer, e obviamente agora nesse primeiro momento é um momento de cautela, o produtor procurar fugir do ambiente especulativo, não é hora de fazer negócio agora, o oportunismo pode vir”.
A Aprosoja disse que a importância do Brasil no cenário mundial cresce à medida que a dependência destes países aumenta.
“A primeira necessidade básica de qualquer cidadão mundo afora, com guerra ou sem, é se alimentar. Então pra nós fica evidente, as políticas públicas devem ser direcionadas para que o setor continue avançando, e o setor avançando é garantia de soberania de um país que não vai faltar alimento e que a gente consiga prover pra outras nações do mundo”.
“Como cidadão obviamente ninguém quer guerra né? A gente a gente sabe que no mundo moderno hoje a gente nem imagina o que pode ter de tecnologia, então o melhor pra todo cidadão brasileiro e do mundo é que o ambiente seja de paz”, disse Fernando Cadore.