Lançado em setembro de 2021, o programa federal Pro Trilhos já recebeu 11 requerimentos para construção e operação de ferrovias privadas pelo regime de autorização em Mato Grosso. Até o momento, apenas dois pedidos (da VLI Multimodal S.A. e Rumo S.A.) já tiveram contratos de autorização, sendo eles para o mesmo trecho entre Água Boa e Lucas do Rio Verde.
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Três empresas pretendem construir mesmo trajeto de ferrovia entre Água Boa e Lucas
Somados, os projetos apresentados para escoar a produção agrícola do Estado têm projeção de atingir R$ 44,6 bilhões em investimentos e mais de 3,6 mil quilômetros em extensão de novos trilhos. Formuladas por cinco empresas, as propostas ligam 13 municípios diferentes.
Os projetos mais avançados são os apresentados pela VLI e Rumo, que pretendem construir o mesmo trecho de estradas de ferro e terminais ferroviários entre Água Boa e Lucas do Rio Verde, se conectando com a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), lançada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), em setembro. A Rail-In Engenharia Eirelli também entrou na disputa e aguarda decisão final do Ministério da Infraestrutura (MInfra).
A Rumo também apresentou proposta para construção de outros cinco trechos. No ano passado, a empresa assinou contrato com o Governo de Mato Grosso, para a construção da primeira ferrovia estadual, que irá interligar os municípios de Rondonópolis a Cuiabá, além de Rondonópolis com Nova Mutum e Lucas do Rio Verde, e que vão se conectar à malha ferroviária nacional, em direção ao Porto de Santos (SP).
Em Nova Mutum, a Rumo quer construir trilhos até Campo Novo dos Parecis. O projeto prevê investimento de R$ 2,3 bilhões para trecho de 230 Km. O MInfra analisa a compatibilidade locacional do modal.
A Rumo ainda pretende ter autorização para construir estradas de ferro entre: Bom Jesus do Araguaia a Água Boa (R$ 2,49 bilhões/ 249,2 Km); Primavera do Leste e Ribeirão Cascalheira (R$ 4,9 bilhões/498 Km); Santa Rita do Trivelato a Sinop (R$ 2,51 bilhões/250,7 Km); e Ribeirão Cascalheiras até Figueirópolis, no Tocantins (R$ 5,61 bilhões/560,8 Km).
Zion e Garin
O trecho entre Lucas do Rio Verde e Sinop é disputado por duas empresas: a Zion Real Estate (R$ 1,5 bilhão/ 153 Km) e a Garin Infraestrutura (1,4 bilhão/146,7 Km).
A Zion também pretende implantar ferrovia entre os municípios de Sinop a Moraes Almeida, no Pará. O investimento previsto é de R$ 7,2 bilhões, para 726 Km de trilhos.
Novos crivos
Presidente do Fórum Pró-ferrovia e secretário municipal de Agricultura, Trabalho e Desenvolvimento Econômico, Francisco Vuolo afirmou que este é um processo que envolve inúmeros traçados e que, com certeza, terá que passar por um segundo crivo. Segundo ele, a efetiva construção dos traçados ainda terá que passar por novos crivos.
“Entendo que nesse momento o que acontece é simplesmente uma manifestação de interesse. São investimentos da iniciativa privada, que se entender lá na frente que não há viabilidade econômica, com certeza não aportarão recursos”, explicou.