A Associação dos Produtores de Feijão, Pulses, Colheitas Especiais e Irrigantes de Mato Grosso, (Aprofir) recebeu na última semana, na sede da entidade em Cuiabá, representantes da Energisa para discutir um plano de trabalho integrado. O encontro teve como foco fortalecer o diálogo entre a concessionária e o setor produtivo, buscando soluções que atendam tanto a empresa quanto os irrigantes, com ações de curto, médio e longo prazo.
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O coordenador de Relações Públicas da Energisa, Jorge Sírio, foi o porta-voz da empresa durante a reunião e falou da sobre a aproximação com o setor agropecuário. Uma das frentes é a criação de um curso voltado para o produtor rural, que ainda deve ser elaborado em conjunto com a instituição.
“Hoje criamos um grupo de trabalho para manter uma linha direta com a Aprofir, fortalecer essa parceria e construir propostas que garantam o avanço do agronegócio mato-grossense, com energia de qualidade e planejamento para os próximos 10, 20 anos”, afirmou Sírio.
O presidente da Aprofir, Hugo Garcia, ressaltou que o diálogo com a Energisa é essencial para buscar equilíbrio nas demandas do setor. “Nosso objetivo é unir forças para elaborar um plano de trabalho que defenda a Energisa, mas sem prejudicar o irrigante. Precisamos caminhar juntos, com transparência e cooperação, porque só assim conseguiremos manter o crescimento do estado sem comprometer quem produz”.
O diretor executivo da Aprofir, Afrânio Migliari, também participou do encontro e destacou que a criação de um grupo técnico é um passo importante para enfrentar os desafios atuais.
“Essa reunião marca o início de uma nova fase de diálogo. A criação desse grupo de trabalho vai permitir discutir soluções práticas para as demandas do campo, especialmente diante dos gargalos e incertezas trazidos pela Medida Provisória 1.300, que ainda causa apreensão entre os irrigantes de todo o país”, disse.
A MP 1.300, atualmente em análise no Congresso Nacional, é vista pelo setor produtivo como uma ameaça à competitividade e à segurança jurídica dos irrigantes, por criar regras que podem aumentar custos e impactar diretamente a produção.
Isto porque, o texto altera as regras de concessão de descontos tarifários para o setor de irrigação, retirando a preferência do horário de 21:30 as 06:00 horas do benefício e às 8h30 por dia podem deixar de ser contínuas. E deixando a definição dos horários sob responsabilidade das concessionárias de energia, conforme diretrizes do Ministério de Minas e Energia (MME) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Na prática, a mudança reduz a flexibilidade que produtores tinham para negociar com distribuidoras os períodos mais adequados para irrigar. Para lideranças do setor, essa limitação pode elevar significativamente os custos de produção e até inviabilizar safras adicionais, como a chamada terceira safra, que vem ganhando espaço em Mato Grosso.
Ao final do encontro, os representantes da Energisa e da Aprofir definiram a criação de um grupo de ação permanente, que deverá se reunir periodicamente para alinhar propostas e debater estratégias voltadas ao fortalecimento do setor energético e produtivo de Mato Grosso.
“Estamos construindo juntos uma base sólida para que Mato Grosso continue crescendo com planejamento, energia e sustentabilidade”, concluiu Jorge Sírio.