O presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Costa Beber, afirmou em entrevista à Rádio CBN nesta sexta-feira (14) que o Brasil pode ser beneficiado com as taxações impostas pelos Estados Unidos à China no contexto da guerra comercial entre os dois países.
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No entanto, ele pontuou que os EUA estão "fazendo o dever de casa" em relação ao protecionismo. Ele disse que o Brasil perde oportunidades por falta de uma postura semelhante.
"Seremos afetados sim porque os Estados Unidos também é um importador do Brasil. Importa carne, suco de laranja, farelo de soja e etanol. Às vezes o Brasil importa etanol dos EUA, às vezes o contrário. Isso nos prejudica. Por outro lado, surge uma oportunidade: nós somos o maior exportador de soja do mundo e a China é o maior importador. A China não era importadora de milho e ela passa a ser. Com a taxação americana, a soja brasileira acaba viabilizada e mais atrativa para os chineses", explicou Beber.
Ele ressaltou que, com a disputa comercial entre EUA e China, a Bolsa de Chicago pode sofrer quedas. Isso, diz ele, forçaria a uma querda de preços no Brasil. Ele explicou que à medida que os estoques chineses diminuem, o país asiático teria que pagar um “prêmio” pela soja brasileira. “Terão que pagar mais para importar de nós. Então surge essa oportunidade”, afirmou.
Beber também pontuou que a China é um grande importador de carnes suína, bovina e de frango, além de grãos como soja e milho.
Ele disse que isso pode ampliar as oportunidades para o Brasil. Contudo, ele criticou a postura do governo brasileiro em relação à sustentabilidade e à proteção do mercado interno.
"Os EUA estão fazendo o dever de casa. Infelizmente, aqui no Brasil, nossos representantes, como a ministra do Meio Ambiente (Marina Silva), que deveria ser alguém que se orgulha e propaga a sustentabilidade do Brasil, ataca. Isso prejudica e faz a gente perder mercado", disse.
O presidente da Aprosoja também comentou sobre os possíveis benefícios para o Brasil com a possibilidade de taxações impostas pelos EUA à União Europeia. No entanto, ele observou que o bloco europeu cultiva um forte protecionismo. "No longo prazo, o Brasil também pode ter benefícios como fornecedor. É claro que o protecionismo europeu é muito forte. Eles sempre vão priorizar o produtor de lá, mesmo ele sendo ineficiente".