O secretário de Estado de Fazenda (Sefaz), Rogério Gallo, fez um alerta sobre os impactos da oscilação do dólar no custo de vida da população e no setor agropecuário. Em entrevista exclusiva ao
AgroOlhar , ele destacou que a alta da moeda americana tem efeitos diretos no preço dos combustíveis, especialmente o diesel, e pode gerar prejuízos significativos para os produtores rurais.
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Gallo explicou que 25% do diesel consumido no Brasil é importado, o que torna o país vulnerável às variações do dólar.
"Você tem o dólar subindo, 25% do diesel consumido no Brasil, que transporta muitos dos nossos produtos dada a dependência que a gente tem de transporte rodoviário, 25% desse diesel é importado. Então, quando você tem uma oscilação muito forte do dólar, você acaba impactando os preços dos combustíveis e isso, consequentemente, aumenta o custo de vida. É uma dificuldade, vai embora a renda do trabalhador", afirmou.
O secretário também chamou atenção para os desafios enfrentados pelo agronegócio. Segundo ele, a oscilação do dólar pode criar um descompasso entre o momento da compra de insumos e a venda dos produtos, gerando perdas para os produtores.
"Quando o dólar oscila muito, pode haver um descolamento entre a compra dos insumos e depois a venda do produto. Se não tiver uma organização muito bem feita pelos produtores, você pode, nesse descolamento, ter muitas perdas. E é o que a gente vem assistindo ao longo desses dois últimos anos", disse.
Gallo ressaltou que muitos produtores foram impactados pela alta do dólar no final do ano passado, quando as contas em moeda americana ficaram mais caras, mas não conseguiram travar a venda dos produtos no mesmo patamar.
"Em função da oscilação do dólar, que aconteceu no final do ano passado, as contas dos produtores em dólar ficaram mais altas e, muitas vezes, não estava travada a venda em dólar. E aí, ele também teve o prejuízo. Ele pegou a alta do dólar e a venda ele não conseguiu fazer na baixa. Então, isso acaba dando um descolamento, trazendo preocupação em especial para os produtores rurais que têm arrendamento, que têm uma margem menor do que aqueles que já plantam em áreas próprias", explicou.