O preço do café disparou em 2024 e vem impactando diretamente o comércio e o consumo em Mato Grosso. Em Cuiabá, o quilo do produto já é vendido a R$ 72 na Barraca da Ilza, localizada no tradicional Mercado do Porto. O aumento de mais de 30% nos últimos 12 meses reflete uma combinação de fatores climáticos, logísticos e de oferta e demanda no mercado global.
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A seca prologada e as altas temperaturas nas principais regiões produtoras de café, como Minas Gerais e São Paulo, impactaram a produção nacional. Com as plantas sob estresse hídrico, a produção foi reduzida, o que levou a uma menor oferta de café no mercado.
Outros grandes produtores globais, como o Vietnã, também enfrentaram dificuldades. A queda de cerca de 20% na produção vietnamita contribuiu para o desequilíbrio no mercado global e impulsionou os preços internacionais do grão.
Enquanto a oferta diminui, a demanda por café segue em ritmo de crescimento. O consumo de café de alta qualidade está em expansão, tanto no mercado interno quanto no internacional. Essa maior procura, somada à menor oferta, tem contribuído para a elevação dos preços.
Outro fator que pressiona o valor do café é o aumento dos custos de transporte e a desvalorização do real frente ao dólar. Como boa parte da produção é exportada, o preço interno do café sofre impactos da flutuação cambial e do aumento no custo dos combustíveis. Isso reflete diretamente no preço final pago pelos consumidores.
Victor Hugo, que trabalha há três anos vendendo café na Barraca da Ilza, no Mercado do Porto, em Cuiabá, relata como o aumento dos preços tem impactado o comércio local. “O café subiu bastante, e faz umas duas semanas que subiu o valor novamente. No momento, está R$ 72 o quilo, era R$ 68, então teve uma alta de R$ 5 e, querendo ou não, afeta bastante a gente, porque os clientes deixam de comprar uma quantidade maior para comprar uma menor devido ao alto valor”, explica Victor.
Ele também aponta os impactos no consumo de outros produtos: “Conforme tudo vem subindo no Brasil, acaba afetando não só o café, como todos os grãos no geral, os feijões, arroz. Então a gente acaba sendo impactado com isso”, completa.
Dados recentes indicam que o preço do café moído no varejo brasileiro passou de R$ 35,09 em janeiro de 2024 para R$ 48,57 em novembro do mesmo ano. A alta de aproximadamente 33% em 11 meses reflete o desequilíbrio entre oferta e demanda. No mercado internacional, o valor da tonelada do café também apresentou valorização expressiva.
As previsões para o próximo ano indicam que o preço do café pode se manter elevado. Isso porque as condições climáticas adversas não devem mudar significativamente a curto prazo, o que dificulta a recuperação das lavouras.
