A bolsa de açúcar em NY fechou a semana com o vencimento março/2013 cotado a 19,21 centavos de dólar por libra-peso, 13 pontos abaixo do fechamento da semana anterior, ou seja, uma desvalorização próxima a 3 dólares por tonelada. Os spreads com vencimentos mais curtos alargaram 2 dólares por tonelada, ou seja, houve uma pressão vendedora nos meses com vencimento mais próximos indicando que ninguém está preocupado com eventual atraso da safra que vem. Melhor dizendo, ninguém acredita que teremos algum problema para a 2013/2014.

Os demais vencimentos até outubro de 2015 fecharam com variações positivas insignificantes: menos de 15 pontinhos de alta. O mercado continua dentro de limitado intervalo de preços: de outubro para cá, pouco mais de 300 pontos de oscilação; de novembro para cá menos de 150 pontos de oscilação e nos últimos 10 pregões o intervalo foi de 90 pontos. Tem corretor em NY que já desgastou a tecla Z do seu computador de tanto indicar nas diversas mensagens diárias que manda para seus clientes a modorra do mercado (Zzzzzzzzzzzz).

Não bastasse a bolsa, também o mercado físico de açúcar está uma pasmaceira geral. Anêmico, inerte e aborrecido. E não é só no Brasil, não. Por exemplo, açúcar paquistanês invade o mercado na Índia negociando mais barato do que o açúcar indiano mesmo com as taxas de importação e custos de logística. Por aqui, açúcar VHP para embarque dezembro por Santos foi negociado a 45 pontos de desconto sobre o vencimento março/2013; 30 de desconto para janeiro e 12 pontos de premio para março. Embora flat na aparência, o mercado negocia no cash and carry na realidade, já que apresenta desconto em relação ao vencimento março para embarque imediato.

Açúcar embarcando agora, baseando-se no fechamento de sexta-feira, com os descontos correntes liquida menos reais para a usina se comparado com a liquidação do mercado interno usando o índice ESALQ. Com a melhora de preço do anidro no final do mês de novembro, a liquidação é melhor do que o açúcar em NY considerado o desconto de 45 pontos mencionado acima. É o que falamos aqui há algumas semanas: perto de 19 centavos de dólar por libra-peso começa a fazer muito sentido para uma grande fatia das usinas do Centro-Sul aumentarem sua produção visando o etanol.

Ainda com todas as dificuldades de transparência na formação de preços do etanol com as quais o setor se defronta, uma usina com o mesmo mix da atual safra, olhando os fechamentos de sexta-feira, obtém um resultado operacional positivo de 2,90 dólares por tonelada de cana moída. Margem que não contempla os custos financeiros.

Estudo publicado pelo CFTC, agência reguladora independente do governo americano responsável pelo mercado futuro e de opções de commodities, mostra que os high-frequency traders estão roubando os pequenos investidores. “Embora o jogo de commodities seja de soma zero, os HFT lucram à custa dos pequenos investidores”, diz o estudo. Os HFT esperneiam argumentando que eles trazem liquidez aos mercados.

O ministro da Fazenda com aquele sorriso de Mona Lisa diz que a “trajetória da economia é de aquecimento”, logo após a divulgação do pífio crescimento do PIB de meros 0,6%. A revista The Economist que circulou nesta quarta-feira traz matéria sobre “a tal recuperação econômica tantas vezes prometida pelo ministro e que nunca se materializou”. Particularmente acho Ugo Tognazzi o maior humorista italiano de todos os tempos, embora o genovês que ocupa o ministério da Fazenda se esforce em nos fazer rir com suas trapalhadas. Ugo atuou num filme de Bertolucci chamado “A tragédia de um homem ridículo”, um título que seria bem apropriado para seu compatriota e dublê de economista.

A volatilidade do mercado nos últimos 50 dias, como não poderia deixar de ser, tendo em vista o marasmo do mercado, caiu para 28,27% (era 29,87% há seis semanas); a de 100 dias está em 26,74% (era 30,95% !!) e a de 200 dias bateu 27,46% (coincidentemente o mesmo valor de seis semanas atrás).