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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

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Álcool: Os Estados são a solução

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Tenho publicado diversos artigos chamando a atenção do governo pela adoção de medidas públicas adequadas para que o setor sucroenergético inicie a retomada do desenvolvimento, parado desde a crise de 2008.

Agora, recebi um artigo, publicado no Jornal de Alagoas, escrito em 1930 por Graciliano Ramos (1982/1953) – escritor, romancista, cronista, contista, jornalista, nascido na cidade de Quebrangulo, sertão de Alagoas –, com o titulo “O álcool”, do qual tomo a liberdade de transcrever parte: “Noticiou esta folha que o Sr. governador do Estado e o Sr. Secretário da Fazenda, em viagem realizada a 14 deste mês, demonstraram ser o álcool excelente para motores de automóveis. ...”

O que chamou a atenção neste artigo foi que o Estado de Alagoas já se preocupava em substituir a gasolina por álcool, como podemos verificar em outra parte do artigo: “...mete num chinelo a gasolina ou, pelo menos, coloca-a na modesta situação de contribuir apenas com 15% na mistura que há de pôr em movimento, dentro em pouco, os veículos de Alagoas. Teremos, pois, se a minha aritmética não falha, uma redução de 85% no consumo do combustível gringo. ...”

Como sempre, esta substituição não prosperou pelo poder do petróleo. Mas por que não aproveitarmos esta ideia e deixarmos para os Estados a responsabilidade de substituição tanto da gasolina como do diesel pelo álcool e biodiesel?

Tomo como exemplo o Estado de São Paulo, que é o maior Estado brasileiro em população e desenvolvimento e maior consumidor da gasolina, e apresento uma estimativa de como ficaria a situação, caso o Estado adotasse essa responsabilidade.

O consumo estimado da gasolina no Estado de São Paulo, em 2012, é de 10 bilhões de litros. Para substituir esta quantidade de gasolina são necessários 13 bilhões de litros de álcool.

Considere que a produção de álcool por hectare, no Brasil, é estimada em 6.400 litros e que para uma produção de 13 bilhões de litros de álcool é necessária uma área adicional de 2.031.250 hectares.

Para dimensionar o mercado, vamos estimar a instalação de 55 novas usinas com capacidade de moagem de 3 milhões de toneladas de cana por safra, produzindo, em média, 240 milhões de litros de álcool.

Os investimentos seriam em torno de US$12 bilhões. O número de empregos diretos ultrapassaria 340 mil pessoas e os indiretos seriam acima de 900 mil pessoas.

Além das vantagens de um programa deste porte, poderíamos integrar nestas 55 unidades produtoras de álcool a geração de energia elétrica e a produção de biodiesel.

Vale lembrar que cada usina de álcool com capacidade de 3 milhões de toneladas de cana por safra tem tecnologia disponível para gerar em torno de 60 megas adicionais de energia elétrica, o que representa a possibilidade de um total de geração de 3.300 megas. E que, para reforma dos canaviais, as usinas têm como reserva 20% da área, que é plantada, normalmente, com alguma oleaginosa como soja, amendoim, girassol entre outras. Portanto, têm condições de produzir biodiesel para alimentar a sua frota e vender o excedente no mercado.

Para dimensionarmos a produção, suponhamos que as usinas plantem somente soja. Neste caso, como a soja produz 2,7 toneladas por hectare, essa produção permite extrair 571 litros de biodiesel por hectare.

Considerando que os 20% de reserva dessas 55 unidades produtoras representam 406.250 ha. (20% de 2.031.250 ha.), é possível a produção de cerca de 232 milhões de biodiesel (406.250 ha x 571 litros).

Assim, o Estado de São Paulo, adotando a responsabilidade de substituir toda a gasolina consumida pelo álcool, ficaria totalmente livre de toda a emissão de CO2 para a atmosfera, melhorando sensivelmente o meio ambiente, e teríamos mais as seguintes vantagens: reativação das empresas do setor sucroenergético, já que os investimentos seriam da ordem de US$ 12 bilhões; o número de empregos diretos ultrapassaria 340 mil e os indiretos adicionais, cerca de 900 mil pessoas; geração de 3.300 megas de energia elétrica; produção de 232 milhões de litros de biodiesel.

Para reflexão do nosso governador, da sua equipe e de todos os governadores dos Estados brasileiros dispostos a colaborar com o meio ambiente, já que o governo federal não tem se disposto a isso.

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