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Quinta-feira, 21 de novembro de 2024

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Um Brasil de oportunidades

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Neste mês de fevereiro percorri várias regiões de MT, principalmente aquelas que têm apresentado grande expansão agrícola e fiquei muito impressionado com o que pude constatar pessoalmente. É incrível o poder de mudança exercido pela soja, mudando a vida das pessoas, de cidades e de toda uma região, áreas que antes eram pouco habitadas ou desenvolvidas, agora se tornam um celeiro de desenvolvimento.

Iniciei minha jornada pela região do município de Tabaporã, ao norte de MT, fui a Claudia, Marcelândia, Itauba, dali segui para Confresa, Porto Alegre do Norte, Canabrava do Norte, Região dos Baianos, e Gaúcha do Norte, sobrevoando sobre outros tantos municípios que se estendem pelo norte e nordeste de MT. Meu objetivo era analisar a potencialidade destas regiões e afirmo que o potencial é muito grande.

E o que se constata pelo caminho nesta transformação da realidade geográfica e econômica são áreas que antes eram genuinamente de pecuária e agora abrigam a soja. Foi muito interessante poder constatar in loco essa mudança. A soja vem construindo casas, oficinas, hotéis, mercados, cidades que há três anos não existiam, eram apenas uma parada de ônibus ou um posto de abastecimento, agora são vilas com milhares de pessoas trabalhando e todos entusiasmados com a transformação.

O que a Aprosoja-MT vinha dizendo sobre a ocupação das pastagens degradas está acontecendo, principalmente quanto ao não desmatamento de novas áreas e, sendo assim, as pastagens estão virando lavouras. Seja em MT, GO, BA, PI, MA ou TO o pasto vem dando espaço ao plantio de soja e isso vem ocorrendo ou pelo arrendamento de áreas ou mediante a venda de propriedades que estão triplicando de valor e assim, toda uma economia regional se modifica.

Para ter uma ideia, tomemos de exemplo o que está ocorrendo na região leste de MT, onde a mudança é bem evidente pela grande disponibilidade de áreas para a agricultura. Segundo o IMEA, a região possui aproximadamente 6,87 milhões de hectares de pastagem e estima-se que pelos menos 3 milhões agricultáveis. Para esta safra a região leste já deve ter aumentado em 26% sua área de soja, saindo de 954 mil hectares na safra passada para 1,2 milhão de hectares na campanha atual.

E todo esse crescimento da agricultura tem se refletido nas cidades. Quando poderia imaginar que em Porto Alegre do Norte teria que esperar na fila para poder almoçar? O restaurante da cidade estava lotado e não era o único. O desenvolvimento é contagiante, ruas sendo asfaltadas, centenas de casas sendo construídas, pessoas chegando, vendedores de todas as partes. E é uma pena que embora quisesse ver a ação do governo não vi, seja Estadual ou Federal, pois infelizmente o governo age de acordo com a tragédia.

É claro que enquanto conversávamos com as pessoas, a principal queixa era com a falta de logística. Regiões sem qualquer estrutura, que os produtores pagam um preço muito alto pelo pioneirismo, sem falar que muitos quebram. O custo de produção em regiões sem qualquer infraestrutura seja de estradas ou de armazenagem fica muito caro, afinal infelizmente aqui no Brasil toda nova fronteira agrícola se desenvolve sem planejamento e apoio governamental, a iniciativa privada tem que fazer tudo.

Pelo que vi o MT ainda tem um grande potencial de crescimento de área de soja, podendo plantar em dois ou três anos 10 milhões de hectares de soja, um crescimento de 40%. E MT que já é hoje o maior produtor continuaria crescendo, e o que é melhor, sem nenhum desmatamento, apenas fazendo rotação com a pecuária, renovando pastagens. Assim iremos aproveitar melhor o potencial das áreas já abertas, intensificando a pecuária e disponibilizando áreas para a agricultura.

O Centro Oeste brasileiro tem um potencial magnifico, seja para a produção de grãos, carnes ou florestas, o clima desta região é fantástico, pois permite o plantio de duas safras coisa que não se vê em outro lugar no mundo. É preciso aproveitar, temos um futuro com um mercado de demanda e no qual haverá diminuição de novas áreas agrícolas no mundo, surgindo uma grande oportunidade para o Brasil.

Nos próximos 10 anos, podemos dobrar a produção de grãos do Brasil, precisamos apenas que o governo faça a parte dele, investindo parte da riqueza que geramos em infraestrutura, viabilizando o crescimento sustentável destas novas regiões. Vi o quanto é sofrido estar a 800 km da capital sem asfalto, telefone, hospital, estradas, mas é emocionante ver todo um povo acreditando no futuro, com fé que o trabalho duro pode gerar riqueza.

*Glauber Silveira é engenheiro agrônomo, produtor rural e presidente da Aprosoja Brasil.

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