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Semeando solidariedade
Autor: Carlos Fávaro
18 Ago 2012 - 19:21
Para quem planta, o momento da colheita é único. Boa parte dos brasileiros deve se lembrar da experiência de colocar um grãozinho de feijão num algodão úmido e esperar alguns dias para que ali nasça um pequenino pé de feijão. A sensação que vivemos, ainda crianças, quando vemos nossos frutos florescerem é uma das experiências mais fundamentais da vida. Ficamos com a sensação de que estamos vivos, contribuindo para a vida que segue.
É exatamente esta sensação que os produtores rurais associados à Aprosoja estão experimentando ao se engajarem no projeto de ajudar o Hospital de Câncer de Mato Grosso. Por meio de uma parceria com a Casa Cor Mato Grosso, o hospital irá ganhar uma nova ala. O evento de arquitetura, decoração, paisagismo e irá entregar 6.000 metros quadrados em uma de área abandonada há 17 anos. Este novo espaço poderá abrigar 18 novos consultórios.
E quando terminada toda a estrutura construída pelos profissionais será usada para atendimentos a pacientes em tratamento de câncer. Atualmente o hospital realiza 50 mil atendimentos por ano, sete mil internações ao ano e quatro mil cirurgias, também ao ano. Com a reforma, poderá triplicar estes números.
Estamos ainda na fase do plantio deste projeto. Demos amplitude à ação, convocando nossos diretores, delegados e associados para se juntarem a nós nessa empreita. A meta é ambiciosa: recolher R$ 1,5 milhão para garantir equipamentos e mobiliários da nova ala. Mas é certo que conseguiremos alcançar nosso objetivo. É certo que a colheita será próspera.
Esse é um tipo de ação que facilmente conquista adeptos. A causa é nobre. A intenção é válida. Os beneficiados merecem nossa atenção. Porém, mais do que semear solidariedade, participar de uma iniciativa como esta faz com que nos sintamos um pouco mais vivos, ativos, férteis.
Lançar uma ideia, mobilizar os amigos, criar uma rede de pessoas focadas num objetivo único, doar-se, doar: esse é um ciclo que muito se assemelha à tarefa de nos associarmos em uma entidade. É como plantar, semear, cuidar, nutrir, regar, colher. É um ritmo que o produtor conhece bem e com o qual se identifica. Essa similaridade, creio, é o que explica a grande adesão da Aprosoja à causa pró-Hospital de Câncer.
Mais do que pensarmos no impacto que uma doença como o câncer causa nas famílias, ou nas dificuldades que as pessoas com menor poder aquisitivo enfrentam durante o tratamento, vamos pensar na colheita. Que, neste caso, será de sorrisos, abraços, acolhimento, superação – frutos dos mais ricos que podemos receber. Será nesse momento que reviveremos aquela sensação da infância de descoberta e recompensa, de “se sentir vivo”.
* Carlos Fávaro é produtor rural em Lucas do Rio Verde e presidente da Aprosoja.
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