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Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

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Para ligar passado ao futuro

Há pouco mais de três anos o Brasil parou com a greve dos caminhoneiros. Foram aproximadamente 10 dias de incertezas, desabastecimento e caos. Faltaram mantimentos, remédios, combustível e a população pode se atentar a um grande problema brasileiro, a falta de infraestrutura logística.

Por trás da pauta principal, o preço do diesel, estavam a precariedade das estradas, as más condições de trabalho para os profissionais das rodovias, a superlotação das vias, risco de vida e o alto custo que tudo isso provoca.

Mudar o modelo logístico do país é uma demanda antiga. Grupos de estudos e pesquisas, como o Movimento Pró-Logística, realizam levantamentos sobre os custos do escoamento da produção e as alternativas viáveis para modernizar a malha viária brasileira, tornando-a mais barata e eficiente e garantindo melhor qualidade de vida para os caminhoneiros.

E as soluções, como muitos devem saber, não estão em grandes invenções, mas na implantação de modelos antigos, porém muito mais baratos e seguros, como a ferrovia.

Atualmente três grandes projetos estão em andamento no país, a Ferrovia Integração Oeste-Leste (Fiol), que vai de Ilhéus (BA) a Figueirópolis (TO), a Ferrovia Integração Centro-Oeste (Fico), que ligará Mara Rosa (GO) a Vilhena (RO) e a emblemática Ferrovia Norte-Sul, por enquanto compreendida entre Estrela D'Oeste (SP) e Porto Nacional (TO).
Essa nova malha ferroviária tem uma característica fundamental, que é a interligação entre os trechos, proporcionando o deslocamento de ponta a ponta por trilhos. Paralelamente ainda está o projeto da Ferrogrãos, com os sonhados trilhos que vão de Sinop (MT) ao Porto de Miritituba (PA), o novo corredor ferroviário de exportação do Brasil pelo Arco Norte.

Para esses trilhos ficarem prontos, estão previstos mais de R$ 30 bilhões em investimentos por meio de concessões e parcerias público-privadas que deverão ampliar a participação da malha ferroviária de 15% para 35% na logística brasileira.
Ótimo para o setor produtivo, que vai ter transporte mais eficiente e mais barato. Melhor ainda para a população. As estradas ficarão mais conservadas e seguras e as concessões de importantes rodovias, como da BR-163, poderão, enfim, fazer sentido. A população está cansada de pagar por estradas ruins e perigosas e os investimentos não terão fim se não houver alternativas.

Não existe mágica. Enquanto não separar o transporte de carga do transporte de pessoas, as estradas continuarão tirando vidas e comprometendo o desenvolvimento do país.


Luciano Vacari é gestor de agronegócios e diretor da Neo Agro Consultoria
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