Os produtores rurais de Mato Grosso são um orgulho para o mundo. Conseguiram ampliar de 42 milhões de toneladas de grãos para 51 milhões, cerca de 20%. Isso de uma safra para outra. Uma façanha de deixar os ministros da agricultura do mundo inteiro de boquiabertos e com inveja. É claro que a maior empresa mundial de pesquisas – a nossa Embrapa – também tem participação nessa façanha de fazer Mato Grosso o celeiro do mundo. Nesse ritmo, em pouco tempo, Mato Grosso vai produzir mais que os Estados Unidos inteiros.

Parece algo apocalíptico, algo inimaginável, pois nossos produtores rurais conseguiram operar um milagre. Com uma produção inacreditável e inigualável, Mato Grosso é falado e comentado nos quatro cantos do mundo.

Por outro lado, o mundo está escandalizado com a falta de estrutura que o Brasil tem. Escandalizado com a ausência de vias de escoamento – não temos estradas, ferrovias ou mesmo hidrovias suficientes para escoar nem a safra normal, o que dirá os mais de 10 milhões de produção extra.

O mundo inteiro não consegue acreditar como o governo brasileiro é tão incompetente que só tem uma rodovia – a BR 163 que também é conhecida como 364 – para escoar cerca de 50 milhões de toneladas. Que é de pista simples, o que deixa o Mundo todo mais boquiaberto ainda. Numa década a produção mais do que quadruplicou, mas as vias para escoamento não aumentaram nem 10%.

O que falta ao governo é ter prioridade para definir o que é preciso fazer para a roda da economia girar. Já era para ter uma infraestrutura digna do tamanho da produção de Mato Grosso, que afinal é o maior produtor de grãos do país, deixando outros Estados comendo poeira.

Segundo os produtores rurais, o governo foi “pego de surpresa” com a supersafra e ficou horrorizado com o que temos de estrada. Até parece que o governo federal está localizado em Marte. Com a atual infraestrutura (rodovias, hidrovias, ferrovias e sistema de armazenamento) em colapso temos uma grande chance de nossos grãos apodrecerem por aqui mesmo. Digno de ganhar o Nobel da Incompetência. Ainda bem que não temos esse prêmio. Caso contrário, seríamos imbatíveis por mais de uma década.

ADILSON ROSA é repórter em Cuiabá.