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A importância de investimentos na agroindústria familiar
Autor: Luiz Carlos de Araujo - Professor Universitário - FSG
08 Out 2012 - 19:49
A história econômica brasileira tem fortes raízes junto ao agronegócio. Foi na exploração de um tipo de madeira que se deu o nome definitivo ao país, o pau-brasil. O processo de colonização e crescimento está ligado a vários ciclos agroindustriais, como a cana-de-açúcar, com grande desenvolvimento no Nordeste; a borracha dá pujança à região amazônica, transformando Manaus numa metrópole mundial no início do século; e depois o café que tanto enriqueceu o país.
O agronegócio brasileiro compreende atividades econômicas ligadas a:
a) insumos para a agricultura, como fertilizantes, defensivos, corretivos;
b) produção agrícola, compreendendo lavouras, pecuária, florestas e extrativismo;
c) transporte e comercialização de produtos primários e processados; e
d) agroindustrialização dos produtos primários.
Como serviços auxiliares ao agronegócio incluem-se os financeiros, de pesquisa e assistência técnica.
O conceito de agronegócio implica na idéia de cadeia produtiva, com seus elos entrelaçados e sua interdependência. A agricultura moderna, mesmo a familiar, extrapolou os limites físicos da propriedade. Depende cada vez mais de insumos adquiridos fora da fazenda e sua decisão de o que, quanto e de como produzir, está fortemente relacionada ao mercado consumidor.
De acordo com o Boletim Agropecuário do Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de santa Catarina – CEPA, a globalização da economia impõe ao agronegócio brasileiro uma revisão completa de suas práticas e conceitos. Entender a fazenda apenas como um modelo fornecedor de matéria prima, sem conexão dos outros momentos de transformação, não existe mais. O agronegócio passa a ser encarado como um sistema de elos, abrangendo itens como pesquisa, insumos, tecnologia de produção, transporte, processamento, distribuição e preço. E o produtor rural precisa conhecer o seu lugar dentro dessa complexidade.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, o agronegócio brasileiro provou que é uma atividade próspera, segura e rentável. Tem-se um clima diversificado, chuvas regulares, energia solar abundante e quase 13% de toda a água doce disponível no planeta, o Brasil tem 388 milhões de hectares de terras agricultáveis férteis e de alta produtividade, dos quais 90 milhões ainda não foram explorados. Esses fatores fazem do Brasil um lugar de vocação natural para a agropecuária e todos os negócios relacionados à suas cadeias produtivas.
Ainda conforme o MAPA, o agronegócio é hoje a principal locomotiva da economia brasileira, responsável por 33% do Produto Interno Bruto (PIB), 42% das exportações totais e 37% dos empregos brasileiros. Entre 1998 e 2003, a taxa de crescimento do PIB agropecuário foi de 4,67% ao ano.
Nos últimos anos, poucos países tiveram um crescimento tão expressivo no comércio internacional do agronegócio quanto o Brasil. Em dez anos, o país dobrou o faturamento com as vendas externas de produtos agropecuários e teve um crescimento superior a 100% no saldo comercial. Esses resultados levaram a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento – UNCTAD a prever que o país será o maior produtor mundial de alimentos na próxima década. O Brasil precisa se preparar para ocupar esse lugar de destaque e tirar aproveito da situação.