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Um dos homens fortes da agricultura nacional, Geller diz que Plano Safra é remédio para logística brasileira

Da Redação - Rodrigo Maciel Meloni

Identificado como um dos homens fortes da agricultura brasileira, Neri Geller assumiu a direção da Secretaria de Políticas Agrícolas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no início do ano após traçar uma trajetória de vida voltada para a redenção do homem do campo. “Homem do campo”, “homem da roça”. Assim ele identificado pelo ex-ministro Mendes Ribeiro, pelo senador Blairo Maggi (PR-MT) e por tantos outros líderes políticas e setoriais.

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Geller ainda é identificado como uma das principais ferramentas que tornaram possível a transformação do Plano Safra. É um dos responsáveis pelo incremento no valor destinado ao programa, que este ano foi de R$ 136 bilhões. Fez com que a presidência da República discutisse a agricultura brasileira com mais propriedade.

“Geller é um homem que iniciou sua vida trabalhando no campo, e entende como poucos o tratamento que deve ser dado a essa área, tão importante para a economia mato-grossense”, disse Rui Prado, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) sobre o colega.

“O Ministério da Agricultura não poderia ter escolhido melhor pessoa para comandar a Secretaria de Políticas Agrícolas; o trabalho realizado pelo deputado Homero Pereira (PSD), que engendrou toda a situação para colocar o nome de Neri como consenso, merece reconhecimento pelo feito”, disparou Glauber Silveira, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja Brasil), em avaliação feita sobre Geller.

Por sua vez, Homero Pereira, um dos estandartes da política agrícola brasileira, destacou que Geller é um cidadão trabalhador e justo. “O convite de Geller para assumir a secretaria é uma deferência ao estado de Mato Grosso, feita com sensatez pelo ministro Mendes Ribeiro”.

Confira a seguir entrevista com o secretário de Políticas Agrícolas, Neri Geller.

Agro Olhar – Toda a sua trajetória de vida passou pelo campo, tanto que muitos o definem como ‘homem do campo’, como posto nas palavras do senador Blairo Maggi quando da sua condução a SPA. Fale, para aqueles que ainda não o conhecem, um pouco sobre sua biografia.

Neri Geller – Eu comecei, eu milito como líder classista desde 1984; eu fui com 15 16 anos para Mato Grosso, sozinho, sem família, como assentado para Lucas do Rio Verde, lá começamos a trabalhar. Fui professor numa escola, por que lá não tinha nada, não tinha escolas, não tinha professores, não tinha energia, não tinha água, não tinha nada. Começamos a militar fortemente para melhorar a vida de todos, Lucas começou a se desenvolver a partir de 1988, quando conseguiu sua emancipação político e administrativa e principalmente a emancipação do assentamento de reforma agrária, obtendo sua titulação, e a partir deste momento começou a se desenvolver de maneira muito forte; o momento das cooperativas se organizarem, as entidades se organizarem; a partir de 1986 começou a surgir a plantação de soja no cerrado, eu acompanhei isso de perto; fui durante oito seguidos vereador, representando os agricultores, participei das diretorias das exposições que acabou dando uma visibilidade para a região e um discussão muito forte para levar o desenvolvimento sustentável para Lucas, fui vice-presidente de associação comercial depois fui coordenador do Núcleo da Aprosoja no município e em 2006 eu me projetei politicamente por meio do movimento o ‘Grito do Ipiranga’, quando o setor estava falido, em função da alta da taxa cambial, quando produzíamos soja a R$ 26, R$ 27 e vendíamos a R$ 14, R$ 15 reais; não existia nenhuma perspectiva de melhoria; e foi só naquela época que nos, por meio do movimento, conseguimos sensibilizar o governo federal e conseguimos R$ 1 bilhão de reais para a agricultura como forma de subvenção de equalização do frete para escoamento. Foi um trabalho conjunto entre todos os produtores, conseguimos ainda negociar todo o endividamento. Logo após eu sai deputado federal na época do Dante de Oliveira; durante a convenção eu não tinha pretensão de sair candidato, quem colocou minha candidatura foi o Dante; meu nome estava em evidência e eu acabei saindo deputado porque entenderam que era importante ter um representante, um líder classista para representar o setor produtivo de Mato Grosso; fiz 40 mil votos, não esperava isso; fiz 38.608 votos. Fiquei como primeiro suplente e assumi em 2007. Me destaquei na Comissão de Agricultura, tive o privilégio de ser um dos quatro deputados federais que fez parte de um grupo interministerial pra fazer a renegociação de todo o endividamento da agricultura brasileira, ajudei muito nosso estado e o país trabalhando em sincronia com o setor, com a Aprosoja, com os sindicatos e com a própria imprensa de Mato Grosso, que sempre me ajudou, sempre nos deu o devido espaço para discutir este tema, acabei ficando como suplente por quatro meses; depois voltei como presidente da Aprosoja, onde exerci trabalho voltado para o setor. Depois me candidatei a reeleição, aumentei minha votação em 25%, fiz 45.015 votos; assumi no dia 02 de fevereiro e fiquei até quase o final do ano, em algumas situações acabei saindo do Congresso Nacional, fiquei fora um ano mas não deixei de militar na política classista, pois este é um setor que é muito importante para gerar emprego e renda, incrementar a economia do país, pois cada um centavo que se investe na agricultura o retorno é de 3 a 4 centavos em um ano. Cada saca de soja de 30 a 40% é de imposto, e este valor retorna para a sociedade em investimentos em saúde e educação e logicamente uma parte tem que ser revertido em logística. Até que eu fui abençoado pelas lideranças do estado de Mato Grosso, reconhecimento muito forte da bancada de Mato Grosso, que indicou no final de 2012 pra eu chegar aqui no lugar que estou, como secretário da SPA, assumi no dia 07 de fevereiro de 2013 e realmente nos conseguimos inovar e muito; fazer um plano safra direcionado para o setor para ter uma ascensão do próprio ministério; o ministro Mendes me deu muito respaldo, depois o ministro Andrade deu um grande respaldo, fortaleceu muito o ministério; o plano safra foi discutido com a presidência da República, com a Casa Civil, avançou muito em termos de seguro, de crédito, de programas específicos para produtores que ainda não tecnologia de vida na sua propriedade pra fazer agricultura sustentável, e sempre discutindo muito com o setor, viajando o país inteiro onde posso ir pra mostrar a importância do Ministério da Agricultura, e basicamente é isso.

Agro Olhar - Quais os avanços alcançados pela secretaria desde que o senhor assumiu a direção e qual ação destacaria como mais relevante para a produção agrícola nacional?

Neri Geller - Sem dúvida o Plano Safra que aumentou o volume de recursos de 115 para 136 bilhões de reais; mas não é só o aumento do recurso que deve ser lembrado, o conteúdo dos programas também é importante e eu vou citar alguns deles. O primeiro deles e a armazenagem, discutida muito com o setor. O ministro Antônio Andrade nos deu respaldo político para que a gente fizesse a discussão técnica com todo o setor em todo o país, começando por Mato Grosso. Fomo até o Rio grande do Sul para discutir com as partes envolvidas. Conseguimos, depois de muito trabalho, taxas de juros equalizada de quase 50% tendo em vista que a inflação hoje chega a 6,5% e a taxa de juros gira em torno de 3,5%, com três anos de carência, por que o programa demora para ter sua implantação efetivada e nos conseguimos 15 anos de prazo. Então este é o programa mais importante que temos hoje no Plano Safra por que ele vai ajudar a resolver parte do problema de logística.

Agro Olhar – Explique as mudanças no Programa da Agricultura de Baixo Carbono.

Neri Geller - Outro trabalho importante é que ampliamos os recursos do programa da Agricultura de Baixo Carbono passamos para R$ 4,5 bilhões; passamos os recurso do Pronamp ampliamos significamente os recursos;

Agro Olhar – A respeito do Seguro Rural, o que o Mapa tem feito?

Neri Geller – O Seguro rural passou de R$ 400 milhões para R$ 700 milhões, registrando 75% de aumento - 5,6 milhões hectares de 12 a 13 milhões sendo segurado com recurso público, o que resulta num universo de 22% da produção de grãos sendo segurado, programa importante.

Agro Olhar – O trabalho conjunto feito entre diversos ministérios, articulado pela Mapa, principalmente junto ao da Fazenda e Planejamento objetiva o que?

Neri Geller – Outro ponto em que o ministério avançou muito assim como a SPA foi no trabalho articulado entre a equipe econômica do governo federal; o ministério da fazenda e planejamento tendo em vista o momento oportuno que estamos passando na recomposição dos estoques de milho principalmente. O Mato Grosso, CO tendo um excedente muito grande na produção forçando o produtor a vender a produção muito abaixo do custo e nos fazendo neste momento a subvenção da equalização do frente na ordem de 3 4 reais passando o valor do preço mínimo de R$ 9,50, dando direito ao produtor de exercer preço mínimo de R$ 3,50.

Agro Olhar - Mato Grosso enfrenta o problema da logística deficitária a alguns anos. Quais as soluções que o Ministério da Agricultura tem buscado para solucionar este problema?

Neri Geller – O primeiro passo dado pelo Ministério para dar solução a este problema foi criar um grupo interministerial para dar fluxo no escoamento da produção nos portos. Nós unificamos a liberação da Receita Federal da fiscalização e da Anvisa, e isso refletiu num fluxo extraordinário da produção, principalmente no escoamento nos portos. Outro programa efetivo é a questão da armazenagem, do qual eu já falei. E para ajudar mais ainda a resolver este problema temos agido firmemente junto a Casa Civil no sentido de mostrar a União a importância da conclusão das obras que estão sendo executadas em importantes corredores como a BR-163, a 242, pra nos escoarmos parte da produção de milho do centro norte que tem um déficit muito grande tanto pra agroindústria como para o pequeno produtor.

Agro Olhar – Outro problema grave que vem obstruindo o desenvolvimento do agronegócio na região é a falta de armazéns para estocar a produção local. Fale sobre os progrmaas voltados para dar solução a este problema.

Neri Geller – Nós temos um déficit de 60 milhões de toneladas de armazanagem, e o programa que foi implantado e discutido com o setor é pra em cinco anos e pra dentro deste prazo construirmos armazéns com capacidade de estocar de 75 a 78 milhões de toneladas, o que vai resolver todo o problema de déficit. E ao mesmo tempo ele já tem um recurso extra de 3 a 12% de crescimento da produção ao ano; então neste programa ele já vai contemplar todo essa questão do déficit e acompanhar a evolução da produção.

Agro Olhar – Tem se discutido a construção de uma extensão da Ferronorte até Santo Antônio das Lendas, por conta da construção da Estação de transbordo de carga (ETC) em Santo Antônio das Lendas, o que pode fazer com o Porto de Cáceres escoe metade da produtos destinada ao exterior produzidos em Mato Grosso. Esta é uma realidade próxima ou a economia de Mato Grosso ainda terá que esperar alguns anos por este benefício?

Neri Geller – na verdade com a medida provisória dos Portos que foi votada e a resolução que abre para que a iniciativa privada execute estas obras é que vai resolver isto. A iniciativa provada, na nossa concepção, precisa entrar nesta seara, nos do Ministério da Agricultura acompanhamos de perto, particularmente nos do SPA, eu mesmo fiz questão de acompanhar de perto esta votação da MP dos Portos; esse novo entendimento vai desburocratizar e permitir a que a iniciativa privada trabalhe e que estas obras comecem a acontecer, mesmo que tenhamos ainda alguns entraves burocráticos como as licenças ambientais; temos também o Ministério Público que em alguns casos é muito exigente; então não é só o Governo Federal, mas posso afirmar que o Ministério da Agricultura está acompanhando tudo isso.
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