A lagarta Helicoverpa ssp. tem causado muitos prejuízos à produção de algodão no Brasil na safra 2012/13, em especial aos cotonicultores da Bahia, onde calcula-se que as perdas podem chegar a R$ 1,5 bilhão. A fim de conhecer mais sobre essa praga e seu manejo, o 9º Congresso Brasileiro do Algodão, que será realizado entre os dias 3 e 6 de setembro, em Brasília, trará o pesquisador entomologista David Murray, do Farming Systems Institute, da Austrália, para apresentar o trabalho de controle de pragas do algodoeiro naquele país e, especialmente, de combate às lagartas do gênero Helicoverpa.
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Em entrevista via email, Murray lembrou que raramente utiliza-se inseticida para o combate às lagartas do gênero Helicoverpa (Helicoverpa armigera e Helicoverpa punctigera) na Austrália. O controle da praga no maior país da Oceania - que é um dos quatro maiores exportadores de fibra do mundo - é realizado através do uso de variedades do algodão geneticamente modificado Bollgard II®. O produto, da segunda geração de variedades GM resistentes a insetos, foi aprovado em 2009 no Brasil, pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança.
Segundo Murray, quase todo o cultivo de algodão ocorre dessa forma na Austrália. "Para que a eficiência da tecnologia pudesse ser preservada até hoje, um Plano de Manejo de Resistência de Helicoverpa spp. à Bollgard II foi elaborado e é seguido à risca pelos produtores desde o início do cultivo da tecnologia", explica.
O plano de manejo, acrescenta Murray, sofre alterações em todas as safras. Há quatro operações distintas: uso de refúgio - mandatório e realizado pelos produtores em configurações estabelecidas pela pesquisa; semeadura dentro de uma janela definida de cultivo também estabelecida pela pesquisa; destruição das pupas da praga no solo ao final da safra (refúgios e cultivos); e monitoramento da resistência de populações da praga às toxinas de Bt (Bacillus thuringiensis) de Bollgard II a cada safra.
Na prática australiana, os inseticidas só são utilizados caso existam pragas sugadoras. Mas as aplicações não podem passar de três. Desta forma, algumas safras chegam a ficar sem aplicação de químicos. O plano de manejo australiano será um dos destaques na discussão sobre o controle da Helicoverpa spp. durante o 9º CBA.
David Murray é um entomologista que atua junto ao governo de Queensland, na Austrália, há mais de 38 anos. Ele passou os últimos 30 anos trabalhando em estreita colaboração com o setor do algodão australiano em Emerald e Toowoomba. Seu trabalho tem sido voltado às questões de manejo integrado de pragas, com grande foco em Helicoverpa spp.