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Cenário externo preocupa autoridade monetária do País
DCI - DIÁRIO DO COMÉRCIO & INDÚSTRIA
De acordo com especialistas consultados pelo DCI, o Relatório Trimestral de Inflação referente ao segundo semestre de 2013 mostra que a volatilidade financeira e a baixa recuperação da economia americana e dos países europeus é uma das principais justificativas da instituição para o baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
A autoridade monetária diminuiu a expectativa para o crescimento do PIB neste ano, passando de 3,1% no último relatório para 2,7% neste.
O Comitê de Política Monetária (Copom) destaca que "o cenário central contempla evidências de deslocamento, para baixo, da taxa neutra nos últimos anos. Essa avaliação encontra respaldo nos modelos de projeção utilizados pelo Banco Central, bem como na dinâmica dos rendimentos de títulos - públicos e privados - sejam eles negociados nos mercados domésticos ou internacionais. O Comitê pondera, adicionalmente, que, na grande maioria dos casos, também apontam nessa direção variáveis mencionadas pela literatura como determinantes de declínio na taxa neutra". Para o diretor de política monetária do Banco Central, Carlos Hamilton, a economia deve crescer no segundo trimestre deste ano acima de 0,6%, "É uma hipótese bastante razoável".
Na opinião do professor da Trevisan Escola de Negócios, Helvídio Prisco, "ele [o BC] continua reforçando o que vinha dizendo, de que o crescimento foi maior do que o primeiro trimestre, com o rearranjo da economia americana, que vai ter que esperar para acomodar e não sabemos quanto tempo isso demora, não vejo nenhuma melhoria na economia externa", disse.
O documento afirma que desde o último Relatório, os riscos para a estabilidade financeira global permaneceram elevados, em particular os derivados do processo de desalavancagem em curso nos principais blocos econômicos e da exposição de bancos internacionais a dívidas soberanas de países com desequilíbrios fiscais. "No horizonte relevante para a política monetária, o Comitê reafirma sua visão de que a volatilidade dos mercados financeiros tende a reagir ao início [ou sua iminência] do processo de normalização das condições monetárias nos Estados Unidos. Nesse contexto, apesar de identificar baixa probabilidade de ocorrência de eventos extremos nos mercados financeiros internacionais, o Comitê pondera que o ambiente externo permanece complexo", colocou o texto.
No relatório a autoridade monetária projetou que a inflação deve fechar o ano em 6%, acima do fixado como centro da meta que é de 4,5%. Para o diretor, apesar da tendência de alta dos preços no curto prazo, a inflação está sob controle no País. "A inflação em 12 meses ainda apresenta tendência de elevação no curto prazo e o balanço de riscos para o cenário se apresenta desfavorável", disse. Mas, para ele, "a inflação no Brasil está sob controle e vai continuar sob controle."
O documento afirma que "as taxas de inflação elevadas geram distorções que levam a aumentos dos riscos e deprimem os investimentos. Essas distorções se manifestam, por exemplo, no encurtamento dos horizontes de planejamento das famílias, empresas e governos, bem como na deterioração da confiança de empresários. O Comitê enfatiza, também, que taxas de inflação elevadas subtraem o poder de compra de salários e de transferências, com repercussões negativas sobre a confiança e o consumo das famílias. Por conseguinte, taxas de inflação elevadas reduzem o potencial de crescimento da economia".
Hamilton ressaltou que inflação baixa e estável é um pré-condição para o crescimento sustentável do País. Segundo ele, a inflação elevada reduz a confiança de famílias, investidores e empresários e o horizonte de planejamento. Araújo citou ainda a redução do emprego, da renda e do consumo, além de haver maior concentração de renda, em períodos de alta da inflação.
Ele disse que "em momentos como o atual, a política monetária deve se manter especialmente vigilante, de modo a minimizar riscos de que níveis elevados de inflação como o observado nos últimos doze meses persistam no horizonte relevante".
Araújo disse que a experiência brasileira mostra que nos períodos com inflação elevada houve menor crescimento econômico. De 1980 a 1985, com a inflação média anual em 147,1%, a variação real do PIB ficou em 2,6%. Já entre 2004 e 2012, com inflação a 5,5%, o PIB cresceu 3,9%.