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De olho na longevidade do Bt
Assessoria de Imprensa Coamo Campo Mourão
A utilização de refúgio é a principal ferramenta em favor da sustentabilidade da tecnologia Bt no campo. Manter a longevidade da tecnologia Bt vem sendo uma das grandes preocupações da pesquisa agrícola brasileira que precisa, sobretudo, da contribuição do produtor neste sentido.
O assunto foi um dos temas do Encontro de Cooperados na Fazenda Experimental da Coamo realizado recentemente e abordou o manejo de pragas nas culturas do milho e da soja. Técnicos da Coamo e pesquisadores convidados para o evento destacam a importância da utilização de refúgio, considerando que este manejo é a principal ferramenta em favor da sustentabilidade da tecnologia no campo.
O supervisor da Gerência de Assistência Técnica da Coamo, o engenheiro agrônomo da Coamo Luiz Carlos de Castro, lembra que a tecnologia Bt aprovada pela CTNbio em 2007, e distribuída para o produtor em 2008, na época, foi um divisor de águas. “Se antes fazíamos de duas a três e, às vezes até cinco ou seis aplicações, para lagarta do cartucho, o Bt acabou com isso.
Contudo, nos esquecemos de manejar corretamente essa tecnologia e estamos tendo problemas no campo”, alerta Castro, destacando o refúgio como o grande aliado da tecnologia. “Isolado o Bt não suporta a pressão dessas pragas. O produtor precisa fazer refúgio. Tecnicamente é o manejo adequado para manter a tecnologia forte e por longos anos”, observa.
Manejo, a chave para o sucesso
Na opinião do agrônomo Ivan Cruz, da Embrapa Milho e Sorgo de Sete Lagoas (MG) , é preciso tomar certos cuidados e caprichar no manejo integrado para que a tecnologia não se perca rapidamente. Ele também destaca a necessidade de gerar inimigos naturais na área de refúgio. “Essa é uma questão que deve ficar bem clara. Na área de refúgio não queremos perder a lavoura, mas não queremos também eliminar totalmente as pragas. No manejo temos de controlar 80% das lagartas e o que sobra, 20%, servirão para ocasionalmente encontrar as mariposas resistentes do milho Bt, que se cruzam e se tornam suscetíveis. Isso aumenta e muito a durabilidade da tecnologia”, conclui.
Para Ivan Cruz a chave para aumentar o lucro, diminuir os custos, contribuir com a manutenção do meio ambiente e garantir a permanência da tecnologia por mais tempo no campo é o manejo integrado e bem feito. O que, segundo ele, só é possível por meio de um monitoramento eficiente, decisões corretas e no momento certo.
AJUSTE FINO
Para o entomologista do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Rodolfo Bianco, é preciso acreditar na tecnologia. Ele entende que o produtor não pode ficar apavorado, mas precisa conhecer mais sobre o sistema para não comprometer o desenvolvimento da tecnologia. “A praga às vezes precisa se alimentar um pouco mais da planta para se intoxicar e morrer e dá aquela impressão de dano. Mas, o milho é forte, não é uma planta que se debilita facilmente. Ela tolera um certo dano por isso temos de treinar nossos olhos e aceitar um pouco de dano na lavoura que é muitas vezes benéfico para o sistema e não significa necessariamente perda de produção.” Ele alerta que a preocupação tem de ser com os insetos resistentes. “Aí sim precisamos abrir os olhos. É onde entra a importância das áreas de refugio”, comenta.
Conforme Bianco, se o olho do dono é o que engorda o boi, no caso da lavoura não é diferente. “O monitoramento identifica antecipadamente os problemas. A aplicação deve ser feita se necessária e não porque está programada. Essa é a forma correta de agir e não desperdiçar dinheiro.”
Na análise do entomologista, o fato de o refúgio não ser de caráter obrigatório, mas sugestivo, fez com que o produtor não se preocupasse em fazê-lo. “O brasileiro é muito atento a obrigação e esquece de atender a sugestão. Como o refúgio é apenas sugestivo ele esqueceu de utilizar. O fato é que foi contemplado na Lei o respeito ao vizinho e não à tecnologia”, finaliza.