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Arroz: predomina a estabilidade dos preços mundiais
Infoarroz
Em janeiro, os preços mundiais mostraram evoluções mistas. Estas traduzem a diversidade das situações locais, mesmo que de maneira geral predomine a estabilidade, pela falta de um catalizador no mercado mundial. Na Tailândia, os preços se mantêm firmes e o diferencial continua se ampliando frente aos seus principais competidores. Nos Estados Unidos, os preços mostram firmeza também, devido a escassas disponibilidades exportáveis, ainda que no Vietnã, ao contrário, os preços tendam a baixar, uma vez que se encontram no pico da colheita principal.
A pressão se exerce, assim, sobre a Tailândia, que deve se confrontar com uma competição asiática severa dentro de um mercado com amplos excedentes. Ao mesmo tempo, esta trata de preservar sua emblemática política de preços internos, que continua agravando o orçamento público. Frente às incertezas nas decisões políticas, o mercado não consegue dar melhores orientações. Não obstante, vendas massivas dos estoques acumulados na Tailândia, com risco de uma queda brutal dos preços mundiais, são por ora pouco factíveis.
Em janeiro, o índice OSIRIZ/InfoArroz (IPO) caiu menos de 1 ponto para 236,8 pontos (base 100 = janeiro de 2000) contra 235,9 pontos em dezembro. No início de fevereiro, o índice IPO apontava para 238 pontos.
Produção e Comercio Mundiais
Segundo a FAO, a produção mundial em 2012 cresceu ligeiramente 1% para 730,2 milhões de toneladas (487Mt base arroz branco) contra 724,5Mt de arroz em casca em 2011. Esta estabilidade se deve ao equilíbrio entre as colheitas asiáticas. Os bons resultados na China, Indonésia e Tailândia deveriam compensar o declínio da produção na Índia. Na África, a produção avança, sobretudo no Egito, que anuncia um grande retorno ao mercado de exportação. Na África subsahariana, a produção aumentou também, sobretudo nas regiões ocidentais. Ao mesmo tempo, na América do Sul, especialmente no Cone Sul, a produção deve baixar cerca de 10%.
O comércio mundial finalmente teria alcançado um novo recorde em 2012 com um volume de 37,8Mt, 4% superior ao recorde anterior, de 2011. Em 2013, as previsões indicam, por enquanto, um declínio de 2% para 37Mt, mas este nível ainda seria superior à média dos três últimos anos.
Os estoques mundiais de arroz no final de 2012 haviam alcançado o mais alto nível histórico, de 160Mt, um incremento de 10,7% em relação ao final de 2011. As perspectivas para 2013 indicam uma nova alta para 171Mt. Estas reservas representariam assim 36% das necessidades mundiais, sendo a mais alta relação observada nos últimos dez anos.
Mercado de Exportação
Na Tailândia, os preços se mantiveram relativamente firmes, sobretudo o arroz de baixa qualidade. Esta firmeza contrasta com a tendência baixista observada nos principais mercados asiáticos, onde os excedentes de exportação são abundantes. As exportações em 2012 caíram 37% para 6,7Mt, contra 10,7Mt em 2011. As perspectivas para 2013 são ainda incertas e a sobrevalorização dos preços internos poderia provocar uma nova redução das exportações. Em janeiro, o Tai 100%B foi cotado a US$ 564/t Fob contra $ 559 em dezembro. O Tai Parboilizado também subiu para $ 576/t contra $ 564. Por sua parte, o quebrado A1 Super aumentou 4% para $ 524/t contra $ 503 anteriormente.
No Vietnã, os preços de exportação declinaram novamente entre 3% e 4%, sob a dupla pressão da competição com a Índia e da chegada progressiva da nova colheita. Apesar dos preços competitivos, a demanda de importação não está muito ativa. Todos os observadores olham em direção à China, que deve ser um de seus principais clientes em 2013. Em janeiro, o Viet 5% marcou $ 401/t contra $ 413 em dezembro. O Viet 25% também
baixou para $ 370/t contra $ 385.
Na Índia, os preços se mantiveram estáveis, registrando uma certa firmeza no final de janeiro, devido a preços internos mais altos. Este ano, a Índia terá dificuldades para renovar sua façanha de 2012 como primeiro exportador mundial, ao ultrapassar as 10Mt. Com efeito, apesar de abundantes excedentes, os preços indianos têm perdido competitividade, especialmente em relação ao Vietnã. As previsões indicam uma redução de 20% nas exportações indianas. Não obstante, este país deve se manter dentro dos três principais exportadores mundiais. Em janeiro, o arroz indiano 5% foi cotado a $ 431/t contra $ 433/t em dezembro. O arroz indiano 25% ficou em $ 386/t contra $ 383 anteriormente.
No Paquistão, os preços apresentaram estabilidade, tendendo a subir também no início de fevereiro. Em 2012, a competição foi dura, sobretudo no mercado dos aromáticos. As vendas deste tipo de arroz foram 50% inferiores ao ano anterior. Os exportadores paquistaneses acusam seu vizinho indiano de subsidiar suas exportações e pedem ao governo medidas de proteção. Em janeiro, o Pak 25% foi cotado a $ 363/t contra $ 362/t em dezembro. No
início de fevereiro, este era cotado a $ 365.
Nos Estados Unidos, os preços de exportação se mostraram mais firmes em função de escassas disponibilidades. O mercado estadounidense antecipa preços mais altos nos próximos meses, pois se estima que a oferta de exportação dentro do continente americano deve ser menor este ano, o que contrasta com os excedentes asiáticos que orientam os preços mundiais para baixo. Em janeiro, o preço indicativo do arroz Long Grain 2/4 subiu para $611/t contra $ 595 em dezembro. Na Bolsa de Chicago, os preços futuros subiram 7% em um mês. No início de fevereiro, estes ultrapassavam $ 355/t.
No Mercosul, os preços de exportação mostraram uma certa estabilidade dentro de um mercado que deu, no final de janeiro, sinais de atividade. A desvalorização do dólar frente às moedas sulamericanas, sobretudo o real brasileiro e o peso uruguaio, afeta a competitividade do setor arrozeiro. No Brasil, os preços internos, que haviam recuado no início de janeiro, começaram a retomar vigor no final do mês, devido à queda do dólar. No início de
fevereiro, o arroz em casca brasileiro era cotado a US$ 345/t.
Na África subsahariana, as previsões de importação em 2013 indicam um declínio de 10% para 11 Mt contra 12Mt em 2012. A Nigéria, primeiro importador mundial, espera reduzir significativamente suas importações (-20%) graças a um aumento de sua produção e a medidas tarifárias de importação mais severas. No resto do continente, as importações podem baixar também, especialmente na África ocidental, onde as condições climáticas e de desenvolvimento dos cultivos têm sido mais favoráveis. Por outro lado, no sul da África, a demanda de importação deve aumentar novamente.