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Notícias / Geral

A capitalização das cooperativas

Carlos Alberto Marques Lopes - Jornal do Comércio

 Na segunda metade do século passado, as cooperativas foram um dos principais instrumentos para o incremento do agronegócio no Rio Grande do Sul e no Brasil. Havia fartura de recursos oferecidos por bancos públicos e privados, havia também a possibilidade de retenção sobre a entrega da produção, o que vinha reforçar a capitalização das sociedades cooperativas, o que hoje, salvo raras exceções, é uma prática inviável. Em contrapartida, as cooperativas fizeram as vezes de governo ao organizar a produção agropecuária. Estenderam a fronteira agrícola para outros estados da Federação.

Os tempos são outros. Os instrumentos que as cooperativas dispunham para se capitalizar acabaram-se ou tornaram-se inviáveis. Elas não têm flexibilidade para angariar ou atrair parceiros. Não podem emitir ações, debêntures, não podem remunerar eventuais sócios capitalistas, sequer podem admiti-los na sociedade. As instituições financeiras estão extremamente seletivas na concessão de financiamentos.

As formas de capitalização tornaram-se complexas, incluindo, basicamente, a constituição de sociedades por ações, com emissões de ações ordinárias e preferenciais, o aporte de capital por meio de emissão de debêntures, a elaboração de projetos e apresentação desses projetos para os bancos de desenvolvimento e fundos de pensão.

Não se pode encarar esta nova realidade como um modismo. As cooperativas podem muito bem continuar coexistindo com esta realidade, basta criarem uma empresa subsidiária nova para as atividades que requerem capital intensivo, buscar parceiros acionistas ou que pretendam participar da iniciativa na qualidade de acionista minoritário, ou simplesmente construir alternativas, que podem ser sob a forma de sociedade em conta da participação. Os novos tempos estão aí e vieram para ficar. Por um bom tempo, pelo menos.
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