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Notícias / Agronegócio

Ferrugem asiática: Tão precoce quanto a soja

Mariana Peres - Diário de Cuiabá

 A ferrugem asiática, doença fúngica que pode aniquilar a produtividade das lavouras de soja, deixou de ser uma ameaça para se tornar realidade na safra 2012/13, após a confirmação do primeiro foco em lavoura comercial, em Ipiranga do Norte (450 quilômetros ao norte de Cuiabá). No último dia 5, o foco foi registrado no Mapa de Dispersão da doença, do Consórcio Antiferrugem, pela Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT). A doença chega cerca de 15 dias antes do que foi na safra passada, quando o primeiro registro veio em 29 de dezembro, também no norte mato-grossense, em Tapurah.

Mesmo havendo apenas agora a confirmação em lavouras comerciais, a doença já estava em pleno desenvolvimento no Estado há meses, como diagnosticado pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT) e pela Comissão de Defesa Sanitária e Vegetal de Mato Grosso (CDSV/MT), que por meio dos seus técnicos percorrem o Estado avaliando o Vazio Sanitário e o pós-Vazio. Sem a destruição da soja guaxa dentro do prazo de 90 dias – 15 de junho a 15 de setembro – os fungos que atacaram a safra 2011/12 tiveram abrigo e se mantiveram em atividade. De todas as plantas guaxas catalogadas, 80% delas tinham esporos da doença, um percentual jamais visto no Estado.

A doença, antes deste registro do dia 5, já estava confirmada em outros seis municípios em soja guaxa, aquelas que nascem além da porteira, especialmente às margens das rodovias. “A ameaça, na verdade, não era ameaça porque já tínhamos desde o mês passado registros da ferrugem, porém em soja guaxa. Uma vez na soja guaxa e com condições de clima favoráveis ao fungo – quente e úmido – a chegada às lavouras comerciais era uma questão de tempo, pouco tempo apenas. A doença está tão precoce como as lavouras suscetíveis neste momento”, avalia o gerente técnico da Aprosoja/MT, Nery Ribas.

A ferrugem é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi. A doença compromete a produtividade das plantas e traz sérias perdas econômicas ao produtor, visto que demanda mais fungicidas do que o habitual – quando se faz a prevenção ao fungo – e se colhe menos. “Em outras palavras, colhemos menos e gastamos mais”, aponta Ribas. O gerente frisa que de agora em diante, com clima favorável à proliferação dos fungos, só resta monitorar diariamente as lavouras e sabendo da existência da doença, fazer aplicações de fungicidas de forma preventiva.

“O Ministério, por meio da CDSV/MT, estará fiscalizando a conduta dos produtores, assim como o Indea/MT”, alerta o gerente. Como ele argumenta, há uma tradição no Estado de não se fazer aplicações preventivas nas lavouras precoces porque o tempo que ela fica suscetível ao fungo – pelo ciclo curto – não traz perdas significativas ao rendimento das plantas. “No entanto, esse mesmo fungo que quase não trouxe danos à precoce é o mesmo que vai se instalar nas lavouras de ciclo médio e longo, e ai sim, disseminar o lucro e o rendimento da produção”. Como completa, as aplicação preventivas ajudam a controlar a disseminação da doença.

ATENÇÃO - A safra 2012/13 deverá quebrar mais um recorde de produção no Estado ao passar de 24 milhões de toneladas. Pela primeira vez, depois da quebra da produção norte-americana, a produção nacional do grão é bastante esperada pelo mundo. Diante do contexto, os mato-grossenses estão diante de um ciclo de inúmeras perspectivas positivas - de preços, mercado e demanda - e que não admitirá erros.

Na última safra os prejuízos contabilizados nas lavouras de soja em decorrência da ferrugem podem ter disseminado cerca 800 mil toneladas que deixaram de ser colhidas no ciclo 2011/12.
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