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Terras desvalorizadas pelo desmatamento expandem áreas cultiváveis em MT, aponta estudo

Da Redação - Michael Esquer

Cáceres, Juara, Aripuanã e Poconé estão entre os 12 municípios mais afetados do país pelo desmatamento, com a depreciação do preço do hectare de terra. O município cacerense é o mais afetado do estado. Em 2017, o preço de cada hectare em Cáceres foi reduzido em 55%. O dado, que consta em estudo do Instituto Escolhas, aponta que o desmate causou prejuízo de R$ 136,7 bilhões com a desvalorização de terras em 93,5% dos municípios brasileiros.  

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De acordo com a assessoria do Instituto Escolhas, o estudo, intitulado “Como o Agro se beneficia do desmatamento? ”, foi publicado na semana passada. A investigação mostra que a incorporação de novas áreas desmatadas entre os anos de 2011 e 2014 no mercado de terras provocou uma depreciação equivalente a uma redução média de R$ 391,00 por hectare em 2017. O que também totaliza R$ 136,7 bilhões de impacto no valor do estoque de terra brasileiro. 

"O desmatamento ocorrido na fronteira agrícola, na Amazônia e no Cerrado, deprecia o preço de terras do país como um todo, funcionando como uma espécie de subsídio ou desconto para aqueles produtores que têm como estratégia a incorporação de novas áreas para o aumento da produção. Já os produtores que apostam no aumento da produtividade de suas áreas saem perdendo com o desmatamento, uma vez que têm o preço suas terras depreciadas”, disse Jaqueline Ferreira, gerente do Instituto. 

De acordo com o levantamento, o preço do hectare de terra em Cáceres foi de R$ 3.033 em 2017. Sem o desmatamento dos anos anteriores, o preço teria chegado a R$ 6.746 por hectare. 

Nos municípios em que ocorreu a expansão da fronteira agropecuária, situados predominante na Amazônia Legal e Matopiba (região que compreende estado de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), a depreciação foi ainda maior, chegou a R$ 83,5 bilhões ou 25% do valor da terra em 2017, o equivalente a uma redução média de R$ 985,00 por hectare.

Ainda conforme o estudo do Instituto, apesar do efeito geral de depreciação do preço da terra, os maiores valores observados estão concentrados em poucos municípios e produtores. 61 municípios (1,15%) acumularam metade (50%) da depreciação total da terra no país.

Isto aponta que poucas pessoas ganham muito com a depreciação do preço da terra. Com isso, o estudo defende que essa é mais uma evidência de que o desmatamento prejudica o setor. 

“Ainda assim, a maior parte do Agro se esquiva de adotar medidas concretas para se desvincular do desmatamento, como a rastreabilidade de todos os fornecedores das cadeias produtivas ou o registro e georreferenciamento das propriedades. Ou, ainda mais grave, é comum ver lideranças do setor defendendo ou tolerando silenciosamente o desmonte da legislação ambiental e a rotina de atos de regularização fundiária que premiam quem desmata”, diz Jaqueline Ferreira.

O desmatamento também impactou os preços dos produtos agropecuários. No caso da soja, foi observada uma desvalorização total de R$ 6,67 bilhões do valor bruto de produção do país em 2017, com a redução de R$ 3,1 (-4,5%) no preço médio da saca de 60 kg.

“O estudo também mostra que o impacto negativo no valor do preço da terra causado por desmatamento é inferior ao impacto positivo causado por outros fatores, como acesso a infraestrutura, orientação técnica e características biofísicas da terra. O que só reforça a importância de se investir em fatores de produtividade e, ao mesmo tempo, promover o fim do desmatamento” afirma Jaqueline.

Para ler o estudo completo CLIQUE AQUI. 

 

 
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