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Projeto de desenvolvimento tecnológico quer aumentar produtividade e eliminar mercúrio da mineração

Da Redação - Michael Esquer

O Instituto Somos do Minério anunciou novos projetos de desenvolvimento tecnológico que estão em desenvolvimento para o setor da mineração. Entre as novidades, as principais são: a eliminação do mercúrio, redução do impacto ao meio ambiente, otimização de processos, maior produtividade e segurança na operação. 

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De acordo com Amilton Hruba, presidente da Comissão Ouro do Bem, as características do minério da baixada cuiabana impulsionou a busca por inovação. “O minério encontrado aqui na região é muito pobre, ele tem 1g de ouro por 1 tonelada de minério, uma proporção muito pequena. As grandes mineradoras não têm interesse nenhum em trabalhar com essa proporção de minério. Os pequenos mineradores da região precisaram desenvolver metodologias próprias de trabalho buscando a otimização dos custos e maior produtividade, que permitisse uma melhor recuperação desse ouro gravimétrico”, explica.

O equipamento responsável pelo aumento da produtividade se chama concentrador centrífugo e foi desenvolvido em 1937, sendo aprimorado ao longo dos anos por canadenses. “Além de uma melhor recuperação do ouro gravimétrico, esse equipamento permite ainda uma economia de 5x menos água que um equipamento convencional, garantindo uma produtividade adequada até mesmo em meses de seca, com o recurso hídrico escasso”, ressalta Amilton.

O equipamento, porém, custa em torno de R$ 800 mil, o que o torna inatingível para os pequenos e médios mineradores. “Com o objetivo de trazer a tecnologia ao alcance da realidade local, após 6 anos de pesquisa e desenvolvimento chegamos a um equipamento similar por 300 mil reais. Desenvolvemos ainda um outro equipamento para esse mesmo propósito, que custa 40 mil reais, mas menos robusto, com desgaste mais precoce, para um trabalho mais artesanal”, revela o Amilton.

Com o projeto do concentrador centrífugo concluído, Amilton explica que o foco se tornou o mercúrio, mas que o cenário atual é de conformidade. “Há um equívoco no conceito do uso do mercúrio, de que o minerador que o utiliza é criminoso. Na verdade, o composto faz parte do processo de extração do minério e todo minerador precisa estar em conformidade com as boas práticas para ser autorizado pela SEMA para utilizá-lo. Portanto, toda planta de extração legalizada possui autorização para utilização do mercúrio”, explica.

Hruba esclarece que a utilização legalizada do mercúrio na mineração é feita em um equipamento específico. “Após a agregação do composto ao ouro, é feita a queima do mercúrio dentro do recuperador, e o rejeito tem seu acondicionamento apropriado. Esse processo é feito pelo recuperador de mercúrio, para evitar que o resíduo seja eliminado e vaporizado no ambiente”, afirma.

Este é um equipamento amplamente difundido no segmento, no entanto já existem equipamentos mais atuais que permitem a eliminação total do mercúrio do processo. “Mais uma vez, esses equipamentos já existem no mercado, mas o custo é inviável. Estamos em fase de pesquisa e desenvolvimento de um equipamento com tecnologia acessível, que possibilite a eliminação do mercúrio do processo de mineração para o pequeno e médio minerador, para ser viabilizado num horizonte de 2 a 3 anos”, afirma.

Para Amilton, será necessário ainda uma conscientização do setor sobre os benefícios e a importância da eliminação do mercúrio do processo produtivo. "É uma mudança de mentalidade, de enxergar a evolução da atividade, e isso precisará ser difundido, ser subsidiado, para que realmente chegue na ponta para o minerador artesanal", ressalta.

“Nós do Instituto Somos do Minério queremos que a mineração de pequeno e médio porte tenha acesso à tecnologia de ponta, possibilitando melhorias significativas em processos e equipamentos, criando também uma nova geração de práticas de mineração com foco em segurança, eficiência energética, administração ambiental e gerenciamento de custos”, conclui Amilton. (Com assessoria)
  
 
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