Mesmo com atraso no plantio, Mato Grosso deverá produzir mais de 30 milhões de toneladas de soja na safra 2017/18, número que vai esbarrar mais uma vez no déficit de armazenagem. Diante do cenário, produtores rurais e agentes de crédito ainda encontram dificuldades para fechar negócio para a construção dos armazéns no estado. O problema foi debatido na última semana, durante Oficina de Projetos em Armazenagem, organizada pela comissão de Política Agrícola da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja).
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Após as rodadas regionais do projeto Armazena MT, os técnicos verificaram a necessidade de um alinhamento entre bancos e projetistas, que estão em contato direto com o produtor rural. “A partir disso, o objetivo é ter maior efetividade na apresentação de projetos junto aos bancos. Existe a necessidade da construção de armazéns e existem recursos para isto. Temos é que unir as pontas”, afirma Frederico Azevedo, gerente de Política Agrícola da associação.
De acordo com a Aprosoja, os agentes bancários apontaram algumas falhas que devem ser sanadas pelos interessados em contratar crédito para a construção das estruturas de armazenagem. Segundo o Banco do Brasil, os mais comuns são erros na confecção das propostas e apresentação de projetos com falta de documentos.
Rafael Mazzeo, administrador no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), apresentou as condições do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA). “Mostramos como funciona o fluxo de operação indireta com os agentes financeiros e onde e porque há as demoras e dificuldades operacionais nas linhas do BNDES”, explica.
O gerente de Mercado de Pessoa Jurídica do Banco do Brasil na superintendência de Mato Grosso, Glaydson Cavalcanti, reforça aos produtores rurais que a armazenagem é extremamente viável quando se utiliza recursos dos bancos. “O retorno é em quatro anos e, depois, o agricultor fica com o silo disponível para melhor gerir a armazenagem de sua propriedade. Este custo vira receita e aumenta a rentabilidade”, assegura.
Ele acredita que muitas questões burocráticas para a concessão de crédito já foram resolvidas, especialmente em relação às análises, o que melhorou o tempo de entrega do agente financiador. “O que o banco precisa é de bons projetos”, afirma Cavalcanti.
O gerente acrescenta que, aliada à eficiência logística, o produtor rural também pode investir na eficiência energética. “Com todos os custos do financiamento, isso pode reduzir imediatamente 25% dos custos com energia elétrica e tornar o agricultor muito mais competitivo”, diz.
A oportunidade de ouvir os agentes financiadores e dirimir dúvidas sobre os projetos foi comemorada pelo produtor rural Clóvis Albuquerque. “Nossa produção é muito boa no campo, mas no momento da comercialização ficamos estrangulados, pois somos obrigados a vender rapidamente. O investimento em armazenagem dá segurança e é uma grande oportunidade de mercado. O silo é o nosso banco”, finaliza.