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Notícias / Clima

Maggi defende aumento nas importações para incentivar competitividade e fala sobre desafios burocráticos e ambientais

Da Redação - André Garcia Santana

O vislumbre de um cenário mais competitivo e abrangente para a economia nacional, atrelado ao alcance da produção a outros continentes, enfrenta hoje, o desafio da horizontalização dos mercados. Segundo avaliação do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, em decorrência dos números de importação de alimentos muito inferiores aos da exportação, o Brasil estaria perdendo em competitividade, melhorias tecnológicas e inovação. A isso, somam-se questões burocráticas, ambientais, trabalhistas e sociais, consideradas pelo setor como um desafio.

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Durante a abertura do Fórum das Cadeias Produtivas, na manhã desta segunda-feira (10), ele falou sobre os esforços do país em conquistar novos compradores, como Rússia e Índia, destacando a importância de nossas portas também estejam abertas. “Temos um grau de dificuldade, de aceitar a importação, como se isso viesse a destruir nosso processo de produção. De todos os países que são grandes produtores de alimentos, o Brasil é o mais fechado.”

De acordo com ele, dados recentes apontam que os Estados Unidos exportam entre U$ 200 e U$300 bilhões, importando quase o equivalente. Na China, observa-se o mesmo fenômeno. O Brasil, por sua vez, exporta U$ 71 bilhões em alimentos e importa apenas 11%. O que significa que a indústria de alimentos não é suficientemente pressionada por melhorias tecnológicas, pelo desenvolvimento de produtos diferenciados ou por incentivos que motivem os empreenderes.

“Quando autorizamos a importação de café do Vietnã pro Brasil foi uma confusão tremenda. O Brasil, que é o maior produtor e exportador de café do mundo, é talvez o que menos recebe pelo café, porque exportamos coquinho. Nem torrado é. A Alemanha e a Itália, que não produzem um pé de café, ganham muito mais, porque importam do mundo inteiro, fazem os blends e apresentam um café excelente. Como não somos importadores, só vendemos dois tipos, reféns dessa situação.”

Blairo reforça que os produtores esbarram ainda nas questões ambientais, trabalhistas e sociais que envolvem esse mercado. Questões estas que também podem prejudicá-los no setor. É considerado ainda que o produtores mantêm 20% do território para área ambiental e que ninguém paga nada por isso, sendo ainda de responsabilidade dos investidores cuidar do seu perímetro, das invasões e do fogo. Diante disso, ele defende que o país obtenha uma vantagem comercial sobre os outros.

O ministro aponta que 66% do território nacional é preservados na forma original, tendo 9% ocupados pela agricultura, 20% pela pecuária e 13% para atividades indígenas. Distribuição não observada em outros países do mundo, segundo ele. “Somos obrigados a deixar 35% das nossas propriedades em Mato Grosso, no cerrado, e 80% das nossas áreas fechadas no bioma amazônico. Eu tenho tentado mostrar isso. O Brasil precisa ter um apoio, uma vantagem comercial em relação aos outros países que não respeitam essas questões, que não tem mais como fazer isso.”

Ao longo de sua fala deixou claro que respeita a legislação e que as ponderando apenas trazem argumentos para o pode ser feito para se ter acesso aos mercados. “O Brasil abre mão de muitos recursos ou de áreas que poderiam ser cultivadas em nome das questões ambientais. Não estou pregando nada contra, só estou fazendo uma constatação. O Brasil se compromete e fica na divida com outros países sem efetivamente gerar nada para os moradores destas regiões.” 
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