Os pecuaristas de Mato Grosso afirmam que os frigoríficos estão usando a Operação Carne Fraca da Polícia Federal para pressionar o preço da arroba do boi gordo para baixo. Entre o dia 16 e 28 de março a arroba em Mato Grosso registrou uma desvalorização de R$ 126,81 para R$ 123,11 em média no Estado.
Nesta quarta-feira, 29 de março, a JBS anunciou férias coletivas em 10 frigoríficos no Brasil, dos quais quatro estão localizados em Mato Grosso. Na semana passada a empresa havia suspendido por três dias os abates em 33 de suas 36 unidades de bovinos no país, sendo 10 em Mato Grosso.
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Somente na unidade de Juína a JBS, onde os abates serão suspensos por 20 dias em decorrência às férias coletivas anunciadas pela empresa, atende uma produção de 4 milhões de animais. As férias coletivas serão concedidas também para as unidades de Diamantino, Alta Floresta e Pedra Preta.
Mato Grosso é detentor de um rebanho bovino superior a 30 milhões de cabeças. O Estado abate ao ano entre 4,5 milhões e 5,5 milhões de cabeças, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Conforme a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), os frigoríficos em Mato Grosso estão utilizando a instabilidade no mercado internacional da carne como pretexto para paralisar as atividades e assim pressionar o preço do boi gordo.
Pecuaristas em Mato Grosso, segundo a entidade, em 12 dias da deflagração da operação da Polícia Federal registraram 10% de desvalorização da arroba do boi gordo, como é o caso das regiões Norte e Noroeste do Estado, onde a arroba passou de R$ 126 para até R$ 113.
O presidente da Acrimat, Marco Túlio Soares, declara que “Não podemos compactuar com a manipulação da indústria sobre o mercado”.
“A seriedade da produção mato-grossense está mais que comprovada. Por isso, não vamos admitir que os frigoríficos sem compromisso com o desenvolvimento da atividade articulem para derrubar preços, prejudicando ainda mais o pecuarista de nosso Estado”, pontua Marco Túlio ao observar que Mato Grosso não possui nenhuma unidade frigorífica sob suspeita.
De acordo com o vice-presidente da Acrimat, Amarildo Merotti, “Em Mato Grosso, JBS, Marfrig, Minerva e Frialto representam 70% do abate, o que compromete a competividade do setor, prejudicando os pecuaristas e, principalmente o mercado consumidor".
O diretor-executivo da Acrimat, Luciano Vacari, destaca que em pouco tempo mostrou-se para os principais clientes da carne brasileira "quais eram e onde estavam os problemas" e garantiu-se a qualidade da produção. “Por isso, não vamos admitir que a indústria brasileira utilize como argumento problemas já solucionados para pressionar preços e prejudicar o setor produtivo”.