O ministro da Agricultura e Pecuária, senador mato-grossense Blairo Maggi (PP), afirmou que o Brasil possui um dos melhores sistemas do mundo em fiscalização tanto da criação de gado quanto da industrialização da carne. “O sistema de controle é eficiente, certamente um dos melhores do planeta, mas não é infalível. Vamos continuar implementando, no Ministério da Agricultura, todas as medidas para evitar que ocorram episódios como este novamente”, afirmou Maggi, para a reportagem do
Olhar Direto, nesta segunda-feira (20), via assessoria, se referindo ao Serviço de Inspeção Federal (SIF),
“A própria população deve confiar em nossos produtos e ajudar o governo a fiscalizar. Assim, quando verificar que há algo errado, que faça a denúncia ao Ministério e demais órgãos competentes”, observou o titular do Mapa, que vai passar todo o dia em reuniões, principalmente com representantes de países importadores de produtos brasileiros.
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Blairo Maggi está preocupado, também, em tranquilizar o mercado interno. “O queremos dizer para a população é que fique absolutamente tranquila. Nosso sistema de fiscalização é um dos mais respeitados do mundo. Se perceberem qualquer problema, que comuniquem ao Ministério da Agricultura, que tomaremos a providências”, argumentou ele.
Em entrevista anterior, o secretário executivo do Mapa, Eumar Novacki, já tinha anunciado que Maggi afastou ps 33 servidores investigados. “O ministro Blairo Maggi determinou o afastamento de todos os servidores envolvidos. São 33 servidores que estamos instaurando procedimentos. Daremos suporte à Polícia Federal para informações e estamos tomando todas as medidas administrativas e informando o Ministério Público Federal”, afiançou Novacki, braço direito do ministro.
O secretário afirmou ainda que o Mapa já vinha, desde o ano passado, tomando medidas para evitar falhas no processo de fiscalização e inspeção. Ele ponderou, no entanto, ser impossível impedir desvios individuais.
Entenda o caso
A Operação 'Carne Fraca' foi deflagrada na última sexta-feira (17), pela Polícia Federal, para combater corrupção de agentes públicos federais e crimes contra Saúde Pública. O esquema seria liderado por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio e envolve empresas líderes do mercado.
Foram detectadas fraudes na JBS e BRF. Em quase dois anos de investigação, a Polícia Federal detectou que as Superintendências Regionais do Ministério da Pesca e Agricultura nos estados do Paraná, de Minas Gerais e Goiás “atuavam diretamente para proteger grupos empresariais em detrimento do interesse público”. Algumas empresas chegavam a comprar notas fiscais falsas para justificar a compra de carne podre. Era utilizado ácido ascórbico para maquiar as carnes.
As ordens judiciais foram expedidas pela 14.ª Vara da Justiça Federal de Curitiba e foram cumpridas em sete estados: São Paulo, Distrito Federal, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás.
O nome da operação faz alusão à conhecida expressão popular em sintonia com a própria qualidade dos alimentos fornecidos ao consumidor por grandes grupos corporativos do ramo alimentício. A expressão popular demonstra uma fragilidade moral de agentes públicos federais que deveriam zelar e fiscalizar a qualidade dos alimentos fornecidos à sociedade.