Sertanejo de Mato Grosso grava música de Jorge e Mateus para rebater samba da Imperatriz Leopoldinense
Da Redação - Viviane Petroli
A polêmica em torno do samba enredo da escola Imperatriz Leopoldinense continua, mesmo com a reformulação do nome da ala “Os fazendeiros e seus agrotóxicos”, que passou a se chamar “O uso indevido dos agrotóxicos”. Um vídeo clipe da música “Mastigando Água”, gravada pelo filho de um produtor rural de Lucas do Rio Verde, circula nas redes sociais como “resposta” à escola de samba carioca e apresentando o “real” trabalho do homem do campo.
Em rodas de conversas e até em redes sociais, produtores, entidades produtivas e até mesmo lideres da bancada federal seguem consternando "revolta" quanto à maneira como a atividade agropecuária e o agronegócio são retratados pela escola de samba.
O samba enredo da escola “Imperatriz Leopoldinense”, que neste Carnaval homenageia a região do Parque Nacional do Xingu, tem como tema "Xingu - O clamor que vem da Floresta". A música exalta o povo indígena ao mesmo tempo em que faz uma crítica ao agronegócio brasileiro, considerado hoje o único setor a segurar a economia do Brasil. O setor produtivo, inclusive, teve a sua modernização defendida pelo presidente Michel Temer para alavancar o agronegócio e a economia. Durante lançamento do Plano Agro+ de São Paulo, Temer afirmou em seu discurso que a queda da inflação e dos juros ocorre em função do fortalecimento da economia, com participação decisiva do agronegócio nesse cenário de melhora.
Um vídeo clipe gravado por Enrique Valcanaia, cantor mato-grossense e filho de um produtor rural em Lucas do Rio Verde, começou a circular nas redes sociais nesta quinta-feira, 23 de fevereiro. O jovem, que auxilia a família na lavoura, externa através da canção "Mastigando Água" e das imagens gravadas em uma propriedade rural o real trabalho desenvolvido pelos produtores rurais.
Sucesso na voz de Jorge e Mateus
A música originalmente foi gravada pela dupla sertaneja de sucesso Jorge e Mateus, em 2013. A letra tem pontos como "Você por tantas vezes fala mal de mim" e "Se o que te mata a fome foi eu que plantei". A canção escrita por Caca Moraes, Joel Marques e Maracaí e traz ainda questionamentos como "Será que já tocou a terra com as mãos?".
A reportagem do Agro Olhar entrou em contato com a assessoria de imprensa do cantor Enrique Valcanaia, e por meio de nota o músico externou ser "Inaceitável que a maior festa popular brasileira, que tem a admiração e o respeito da nossa classe, seja palco para um show de sensacionalismo e ataques infundados pela Escola Imperatriz Leopoldinense. O setor produtivo e a sociedade não podem ficar calados diante a essa injustiça. É preciso que o Brasil e os brasileiros não só enxerguem e reconheçam a importância do nosso setor, como se orgulhem dessa nossa vocação de alimentar o mundo".
Confira nota de Enrique Valcanaia quanto ao vídeo clipe:
“A Escola de samba Imperatriz Leopoldinence mostra total despreparo e ignorância quanto à história brasileira e à realidade econômica e social do país.
Antes de mais nada, é preciso esclarecer e reforçar que o país do samba é sustentado pela pecuária e pela agricultura. Chamados de "monstros" pela escola, nós, produtores rurais, respondemos por 22% do PIB Nacional e, historicamente, salvamos o Brasil em termos de geração de renda e empregos. Com o tempo e com o nosso talento de produzir cada vez mais, saciar a fome – e de forma sustentável - trouxemos para nossa nação o título de campeã mundial de produção de grãos e de proteína animal.
Inaceitável que a maior festa popular brasileira, que tem a admiração e o respeito da nossa classe, seja palco para um show de sensacionalismo e ataques infundados pela Escola Imperatriz Leopoldinense. O setor produtivo e a sociedade não podem ficar calados diante a essa injustiça. É preciso que o Brasil e os brasileiros não só enxerguem e reconheçam a importância do nosso setor, como se orgulhem dessa nossa vocação de alimentar o mundo.
Com a responsabilidade que lhe cabe, Enrique Valcanaia segue seu trabalho no campo com práticas sustentáveis e seguras. E, assim, enaltecemos, também, o nosso empenho em zelar pela preservação do meio ambiente.
Se você se alimentou hoje, agradeça a um produtor rural".