Imprimir

Notícias / Agronegócio

Setor produtivo de Mato Grosso aguarda cobrança de royalties mais justa com fusão da Bayer e Monsanto

Da Redação - Viviane Petroli

A fusão da Bayer e da Monsanto, após aquisição da norte-americana por US$ 66 bilhões, irá dominar mais de um quarto do mercado mundial combinado para defensivos agrícolas e sementes. A expectativa do setor produtivo mato-grossense é que haja uma evolução nas discussões de um modelo de cobrança de royalties mais justa no Brasil. A venda da Monsanto por US$ 128 por ação para a alemã Bayer foi anunciada nesta quarta-feira, 14 de setembro.

A fusão das multinacionais alemã e norte-americana ocorre após aprovação do contrato por unanimidade do Conselho de Administração da Monsanto, o Conselho de Administração da Bayer e o Conselho Fiscal da Bayer.

O valor de US$ 128 por ação da Monsanto a ser pago pela Bayer é 4,91% superior aos US$ 122 oferecidos em maio. A proposta chegou a ser elevada para US$ 125 em julho e US$ 127,50 no início de setembro.

Leia mais:
Bayer lança marca própria de sementes de soja com ações em Mato Grosso

O setor produtivo de Mato Grosso revela esperar que as regras sejam mais claras com a união das multinacionais. Segundo o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Endrigo Dalcin, a Bayer possui uma “tocada” e um “perfil” diferente da Monsanto. “Esperamos que evoluam as discussões de um modelo de cobrança de royalties mais justas para o país. A Bayer tem o foco, como nos foi apresentado durante uma visita a sede na Alemanha pelo presidente da multinacional quando nos explicou os motivos de adquirir a Monsanto, de avançar muito em germoplasma”.

Conforme Dalcin, outro ponto é quanto à questão do portfólio digital da Monsanto. “A Monsanto saiu na frente nessa área e a Bayer não tinha isso para oferta aos produtores. É mais uma questão de complementar o seu portfólio. Estamos ansiosos para ver o próximo desfecho dessa compra. É claro que em um primeiro momento assusta”.

O presidente da Aprosoja pontua que apesar de por um lado o setor saber que “pode ser bom” a fusão, pois a “Bayer tem realmente um olhar muito forte”, a concentração da questão dos defensivos e defesa vegetal nas mãos de poucos é “ruim”. “São três empresas a nível mundial hoje. Nós temos a Bayer agora com a Monsanto como primeira, temos a ChemChina que adquiriu a Syngenta e a DuPont sendo a terceira mundial”.

Soluções para produtores

Os negócios combinados entre as duas empresas se beneficiarão da liderança da Monsanto em Sementes & Traits e de sua plataforma The Climate Corporation, bem como da ampla linha de produtos de Proteção de Cultivos da Bayer em uma abrangente gama de indicações e culturas em todas as principais regiões.

Conforme as empresas, os produtores "serão beneficiados por um amplo conjunto de soluções que atenderão às suas necessidades atuais e futuras, dentre as quais soluções avançadas em sementes e traits, em agricultura digital e em proteção de cultivos".

"Temos o prazer de anunciar a combinação de nossas duas grandes organizações. Isso representa um grande passo para nosso negócio Crop Science e reforça a posição de liderança global da Bayer como empresa de Ciências da Vida, impulsionada pela inovação e que ocupa posições de liderança em seus principais segmentos, entregando valor substancial aos acionistas, clientes, funcionários e à sociedade em geral", declarou em nota o CEO da Bayer AG, Werner Baumann.

"O anúncio de hoje é prova de tudo que conseguimos realizar e do valor que criamos para os nossos stakeholders na Monsanto. Acreditamos que a fusão com a Bayer traz muito valor aos nossos acionistas, principalmente por conta da contraprestação à vista", disse Hugh Grant, presidente e CEO da Monsanto.
Imprimir