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Notícias / Pecuária

Alto custo de produção e baixo preço da carne voltam afetar a suinocultura em Mato Grosso

Da Redação - Viviane Petroli

O alto custo de produção movido pelo milho, que hoje é possível encontrar por até R$ 34,60 a saca de 60 quilos, volta a inviabilizar a suinocultura em Mato Grosso, juntamente com o baixo preço pago pela carne ao produtor. Tais fatores colocam a suinocultura do Estado a beira de uma "nova crise".

Dezenas de produtores de suínos cogitam deixar a atividade, de acordo com a Associação de Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat).

Em abril, a saca de 60 quilos de milho em Mato Grosso está em média a R$ 30,19, valor superior aos R$ 28,09 de março e os R$ 16,07 constatados em abril de 2016. Nesta sexta-feira, 22 de abril, a saca está variando entre R$ 29,25 em Ipiranga do Norte e R$ 34,60 em Alto Araguaia.

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A Acrismat destaca que a principal preocupação do setor produtivo é quanto ao alto custo dos insumos, principalmente o milho, seguida da baixa remuneração.

O presidente da Associação, Raulino Teixeira, destaca que os custos de produção oscilam entre R$ 2,90 a R$ 3,10 por quilo de animal vivo, enquanto as vendas variam de R$ 2,50 a R$ 2,60 o quilo do animal vivo. Ou seja, há no setor um déficit de R$ 40 a R$ 50 por animal de 100 quilos abatidos.

“Além disso, existe um volume muito grande de carnes no mercado interno. As indústrias e frigoríficos não estão conseguindo vender todo o estoque", pontua Raulino Teixeira.

Uma das medidas adotadas pelo setor da suinocultura de Mato Grosso, diante tal cenário, foi solicitar a redução da alíquota do ICMS na comercialização estadual e interestadual de suínos vivos de 12% para 7%, assim como é feito na bovinocultura, para a Secretaria de Fazenda de Mato Grosso (Sefaz).

“Outros Estados, como o Paraná e Santa Catarina, já tomaram essa medida para aliviar o setor dos impactos da elevação do custo de produção com a alta acentuada no preço do milho”, comenta o presidente da Acrismat.

O setor também solicitou para a Câmara Técnica de Política Agrícola e Crédito Rural (CPACR) a abertura de uma linha de crédito especial para o segmento através do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-oeste (FCO) para a retenção de matrizes suínas. Serão empréstimos de até R$ 2 milhões por produtor com carência de até três anos.

“Acrismat e Associação Brasileira dos Criadores de Suínos – ABCS – entendem que a oferta de linha de crédito é fundamental para que os produtores consigam formar capital de giro necessário para se preparar diante da crise. Assim como que a linha de crédito para retenção de matrizes deva ser um recurso sempre disponível para os suinocultores, uma vez que o mercado de suínos enfrenta altos e baixos”, afirma Raulino.

O diretor executivo da Acrismat, Custódio Rodrigues, avalia como grave o momento vivido pelo setor. “Para equilibrar a balança comercial e minimizar o déficit, o governo exporta tudo. A crise se agrava ainda mais para quem produz proteína animal”.

Mato Grosso possui hoje um plantel de 1,5 milhão de cabeças de suínos, sendo 138 mil cabeças matrizes.
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