Mato Grosso já amarga perdas de aproximadamente um milhão de toneladas de soja com a falta de chuvas. Uma das saídas para minimizar as perdas é o plantio em áreas com palhadas de milho ou de braquiária. Segundo pesquisadores da Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop, tem-se constatado melhor desenvolvimento da oleaginosa em tais áreas.
Entre 15 de setembro, quando o vazio sanitário da soja encerrou em Mato Grosso, e o dia 17 de dezembro o volume de chuvas acumuladas somava 264 mm, quantidade inferior aos 704 mm constatados no período em 2013, conforme dados da estação meteorológica da Embrapa Agrossilvipastoril.
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A produção de soja deverá recuar de 29 milhões de toneladas para 28 milhões de toneladas, segundo recente projeção do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Cerca de 20% dos 9,2 milhões de hectares semeados encontram-se em péssima situação e 23% em situação ruim em decorrência a falta de chuvas.
Em termos de prejuízo a soma chega a R$ 1 bilhão com a retração de um milhão de toneladas apenas da produção. Contudo, os produtores de soja em Mato Grosso já desembolsaram cerca de R$ 64 milhões para replantar em torno de 3,1% da área. As perspectivas é que os valores superem tais montantes, uma vez que se temem as multas por quebra de contrato das vendas futuras realizadas.
De acordo com pesquisadores da Embrapa Agrossilvipastoril, o plantio de soja sob quantidade suficiente de palhada de milho ou de braquiária pode auxiliar para que as perdas pelo efeito da falta de chuva sejam minimizadas no estado.
A entidade de pesquisa revela que em algumas áreas sem palhada produtores tiveram de realizar o replantio da soja e em outras áreas constatam-se sérios danos no estande de plantas e na florada.
O pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Sílvio Spera explica que a palhada ajuda a proteger o solo da erosão, bem como evitar a compactação e fornecer maior aporte de matéria orgânica. Ela ainda reduz a temperatura do solo.
Spera explica ainda que a planta se desenvolve melhor e as raízes absorvem mais águas e nutrientes. O pesquisador destaca, também, que ocorre uma menor evapotranspiração, mantendo o solo mais úmido.
A retenção de água e o aumento da infiltração é outro ponto destacado pelo pesquisador da Embrapa, Ciro Magalhães. "Tendo palha, vai ter mais rugosidade na superfície e isso dificulta o escoamento da água. Ela tem mais tempo para infiltrar. Sem essa palha fica mais fácil a perda da água".
A Embrapa Agrossilvipastoril comenta que efeitos mais benéficos são percebidos em áreas de rotação de culturas.