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Agricultura perde espaço em Blumenau
Jornal de Santa Catarina
Sentados no microtrator Tobata, Gerson e Cristiane Volles seguem para a lavoura através de uma das muitas estradas de terra da localidade de Braço do Sul, no Distrito da Vila Itoupava, em Blumenau.
Eles têm a companhia de Scooby, o cachorro que entende os comandos em alemão e é o acompanhante dos dias de trabalho. Essa rotina que a família possui está se perdendo no cotidiano do município. A população do campo está diminuindo e, consequentemente, a produção rural também encara a queda.
O casal Volles faz parte de uma pequena parcela de moradores que ainda tem como atividade principal a agricultura — segundo o Censo 2010, apenas 1.680 pertencem a este grupo num universo de aproximadamente 181 mil pessoas ocupadas no período.
Conforme dados da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), divulgada no início deste mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2011, foram produzidas 7.737 toneladas de alimentos, em lavouras temporárias e permanentes. Há 10 anos, eram 9.833 toneladas, uma queda de 21,31%.
O que fez a produção blumenauense despencar em mais de 2 mil toneladas foram as quedas nas culturas de mandioca e milho: a primeira reduziu de 6 mil para 4 mil toneladas, e a segunda de 1,5 mil para 600 toneladas. Nem mesmo o crescimento na produção de batata-doce, batata-inglesa, mamão, tangerina e uva conseguiram reverter esse quadro desfavorável.
A população da área rural também diminuiu neste período. No Censo de 2000, tínhamos 19.865 habitantes — 7,6% do total — e em 2010, 14.238 — 4,6% do total. De 1991 a 2010, a população do campo caiu 44,6%, ante o crescimento de 45,76% da cidade. A maior parcela dos moradores tem entre 25 a 59 anos.
A explicação para essa mudança na fotografia econômica de Blumenau vem dos próprios moradores que persistem em viver da terra: a grande oferta de empregos no mercado urbano e a falta de incentivo ao agricultor.
— O governo não nos incentiva. O que vejo é que daqui a algum tempo só os mais velhos ficarão na área rural — comenta Gerson.
O casal planta milho para silagem, que é usado para alimentar gado. Em relação ao futuro da filha, de quatro anos, a mãe, Cristiane, gostaria que fosse diferente:
— Vamos incentivá-la para que estude e vá trabalhar na cidade. Viver do campo é muito difícil — justifica a mãe.