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Criação de abelhas sem ferrão é tema de seminário

Emater-RS

 O evento – que ocorreu no parque municipal de Bom Princípio  (RS)– teve o objetivo de estabelecer debate entre os criadores de abelhas sem ferrão. Na ocasião, foram realizadas palestras, paineis e dinâmicas técnicas de manejo e povoamento de colmeias, que possibilitaram aos presentes as mais variadas trocas de experiências.

Por meio de uma exposição realizada na frente do centro de eventos – local das palestras – o público de cerca de 400 pessoas pôde conferir mostra com todas as espécies de abelhas sem ferrão do Estado. A importância das abelhas na polinização, a biologia das trígonas e melíponas, e o exemplo de uma escola de Ivoti que possui projeto pedagógico na área de meliponicultura, também foram apresentados durante o dia de atividades.

“É um campo que requer uma boa dose de paixão”, afirmou o assistente técnico regional (ATR) em Apicultura e Meliponicultura da Emater/RS-Ascar de Lajeado, Paulo Conrad, em sua fala de apresentação. “Não se trata apenas de ganhar dinheiro ou lucrar em cima da atividade e, sim, saber reconhecer o papel das abelhas na proteção da biodiversidade”, enfatizou.

Para Conrad, as abelhas têm fundamental importância na manutenção do ecossistema. “São elas as responsáveis por polinizar as plantas”, lembrou. Como muitas espécies de abelhas sem ferrão estão em vias de extinção, a responsabilidade dos criadores aumenta ainda mais. A boa notícia é que a atividade está em franco desenvolvimento, ganhando adeptos a cada dia. “É um trabalho que faz bem para a alma, tranquiliza, satisfaz, além de garantir um produto de primeiríssima qualidade”, ressaltou.

Para o gerente técnico estadual da Emater/RS-Ascar, Dulphe Pinheiro Machado Neto, a meliponicultura dialoga fortemente com as áreas agroecológica e de produção orgânica. “Não podemos esquecer que elas estão na base da cadeia”, disse. Em sua fala, Dulphe mostrou-se preocupado com a continuidade do trabalho na área. “É preciso valorizar as ações dos produtores, despertando o interesse dos mais jovens e fomentando a área”, enfatizou.

Produtores elogiam evento

Para o produtor Carlos Alberto Henzel da comunidade de Roncador, em Feliz, o evento foi uma excelente oportunidade para trocar experiências e aprender. Apicultor há mais de 30 anos, Henzel afirma que o trabalho com as abelhas é uma “paixão antiga”. “Quando era pequeno, adorava ver meu pai trabalhando nas caixas”, recorda-se. Integrante da Aapivale, o produtor tem no morango a principal fonte de renda em sua propriedade. Mas são as abelhas – especialmente as sem ferrão da espécie Jataí - que lhe fazem sorrir. “Minha mulher até briga comigo de tanto que gosto”, brinca.

O evento também mobilizou produtores de fora do Estado. O meliponicultor Jean Carlos Locatelli veio direto do município de Santa Rosa de Lima (SC), para prestigiar o seminário. “Eventos desse porte são tão raros que não podem passar batidos”, afirmou. Integrante da Associação dos Meliponicultores das Encostas da Serra Geral (Amesg) - que possui quatro mil produtores e 60 mil enxames - o produtor enfatiza que este é o momento de não apenas disseminar conhecimentos, mas também aprender. “A união de técnicas e conhecimentos sempre pode fazer com que melhoremos os processos”, ressaltou.

O próximo município a receber o seminário, no ano que vem, será Venâncio Aires. A propósito, os mais de 140 km entre Venâncio Aires e Bom Princípio não impediram o produtor Eluir Biener de prestigiar a atividade. Com mais de 100 caixas em sua propriedade – 80 delas da espécie Jataí – Biener é só sorrisos ao falar do trabalho com abelhas sem ferrão. “Não existe final de semana em que não me envolva com os ‘bichinhos’”, diz. Não é à toa que a paixão pela meliponicultura já está passando para o filho, Maiquel, de 12 anos. “Ele adora. E quem não gosta de um mel gostoso e docinho?”, sorri.
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