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Oferta global supera demanda em 2013/14
Valor Econômico
O mundo terá nesta safra mundial 2013/14, que terminará em setembro, uma oferta de 57,3 milhões de toneladas de açúcar para exportação, das quais 25,5 milhões provenientes do Brasil, segundo a Organização Internacional do Açúcar (ISO). A demanda por importações, no entanto, está projetada em 53,8 milhões de toneladas, e por isso ainda pesará sobre o mercado uma sobra de 4,2 milhões de toneladas, no quarto ciclo seguido de superávit.
Mas ainda que no mundo seja mais uma temporada de sobras - motivo para uma persistente depreciação das cotações internacionais -, esse "estoque" dificilmente "encalhará" nos armazéns brasileiros. O açúcar do Brasil, bem conceituado pela qualidade, é o mais aceito nas principais refinarias do mundo, especialmente nas grandes unidades do Oriente Médio como a Al Khaleej Sugar, em Dubai. Mais recentemente, a commodity brasileira começou a ganhar espaço também nas indústrias de refino asiáticas.
No Brasil, contudo, não haverá sobras na temporada
"O Brasil produz um tipo de açúcar que é prioritariamente usado nas refinarias dos Emirados Árabes, da Nigéria, do Marrocos, da Argélia e do Egito. Elas foram construídas para processar o açúcar VHP", afirma o presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari. A Tailândia, maior competidor do Brasil no mercado global - com uma oferta em 2013/14 de 8,215 milhões de toneladas para exportação -, começou a produzir açúcar VHP somente há dois anos e, de tudo o que vende no exterior, apenas de 30% a 35% é desse tipo de açúcar, explica Nastari.
Dado esse cenário, o fato é que o Brasil deve superar as projeções de exportações feitas pelo mercado, mesmo diante de mais um superávit. Na safra brasileira 2013/14 - que, diferentemente da mundial (de outubro de um ano até setembro do seguinte) começou em abril de 2013 e terminará em 31 de março -, os embarques do país deverão superar as 25,5 milhões de toneladas.
Somente entre abril de 2013 e fevereiro de 2014, foram embarcadas pelo país 25,076 milhões de toneladas de açúcar. Considerando a média brasileira de embarque de 2,2 milhões de toneladas por mês, até o fim de março esse número deverá ultrapassar 27 milhões de toneladas, volume equivalente a 70% de uma produção projetada em 38 milhões.
Da demanda global de importação de açúcar em 2013/14 (53,8 milhões de toneladas), pelo menos 14 milhões vêm das refinarias do Oriente Médio e do norte da África. Nessas regiões, destacam-se as indústrias dos Emirados Árabes, com demanda para importar 1,94 milhão de toneladas, da Argélia, com 1,6 milhão de toneladas, e da Arábia Saudita, com 1,4 milhão. Despontam também os mercados da Ásia e da Oceania, com potencial para importar neste ciclo que terminará em setembro 13,4 milhões de toneladas da commodity. China e Indonésia estão na dianteira dessa demanda.