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Brasil ajuda EUA a cumprir meta de utilização de biocombustíveis avançados

Unica

 O etanol brasileiro é o único capaz de ajudar os Estados Unidos a atingirem a meta de utilização de 1,89 bilhão de litros de biocombustíveis avançados não-celulosicos em 2012, conforme estabelece a Renewable Fuel Standard (RFS2), mandato federal que determina volumes de produção e utilização de biocombustíveis no país. Durante participação na conferência F.O. LICHT´S Sugar Trade Outlook, realizada em Londres na quinta-feira (18-10), a assessora sênior da presidência da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) para Assuntos Internacionais, Géraldine Kutas, enfatizou o comprometimento do setor sucroenergético brasileiro em fornecer o volume de etanol não-celulósico definido pela lei americana.

O etanol brasileiro produzido a partir da cana-de-açúcar é o único que atende à exigência do RFS, pois foi designado pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (Environmental Protection Agency, ou EPA) como um biocombustível avançado, devido a sua capacidade de reduzir emissões de gases causadores de efeito estufa (GEEs) em pelo menos 50% em comparação à gasolina. Durante o evento londrino, Kutas lembrou que segundo a avaliação da EPA, o etanol de cana emite até 90% menos GEEs em relação ao combustível fóssil, uma grande vantagem sobre o etanol de milho produzido nos EUA, que reduz as emissões de GEEs em apenas 38%, o que não se enquadra nas exigências da RFS2 para o qualificar como biocombustivel avançado.

“Atualmente, o Brasil é o único país que pode atender a demanda americana de utilização de biocombustível avançado produzido com tecnologia de primeira geração. Além de garantir a meta de 1,89 bilhão de litros para 2012, a industria brasileira de etanol está comprometida em fornecer o volume de 2,84 bilhões de litros de etanol avançado não-celulósico previstos para 2013 pela lei americana,” ressaltou.

Kutas, que participou da conferência através da parceria da UNICA com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), avaliou o potencial de exportação do produto brasileiro para a União Europeia (UE), onde também vigora um mandato de utilização de combustíveis alternativos. Segundo a assessora da UNICA, embora o Brasil esteja preparado para ajudar os europeus a cumprirem suas metas sustentáveis de desenvolvimento, que entre vários pontos prevêem o uso de 10% de fontes renováveis no setor de transportes até 2020, no momento não há como projetar o volume de etanol a ser consumido na Europa.

“A futura demanda por etanol na UE até 2020, inicialmente projetada em um pouco mais de 14 bilhões de litros, agora está difícil de estimar devido a algumas propostas de emendas feitas às Diretivas Europeias para Promoção de Energias Renováveis (RED, em inglês) e à Qualidade dos Combustíveis (FQD, em inglês), legislações que orientam o uso de fontes alternativas ao petróleo,” explicou Kutas. Apresentadas em 17 de outubro pela Comissão Europeia, as recomendações propõem a aplicação de medidas que limitam os efeitos das chamadas mudanças indiretas do uso da terra (ILUC, em inglês) atribuídos aos biocombustíveis. A executiva da UNICA informa que as propostas deverão ser discutidas no parlamento europeu e no Conselho nos próximos meses, dentro de um processo que só deve ser concluído no segundo semestre de 2013.

Açúcar

Além de abordar as indefinições na UE em relação ao etanol, os participantes da conferência organizada pela F.O. LICHT´S na capital britânica também discutiram os instrumentos utilizados pela Comissão Europeia para lidar com a situação deficitária que o mercado de açúcar europeu enfrenta periodicamente. Segundo Kutas, parte do problema se deve a dificuldades que as empresas refinadoras do produto enfrentam para comprar açúcar de países como o Brasil, que não são beneficiados com a isenção tarifária concedida a países menos desenvolovidos e a algumas ex-colônias europeias, agrupadas em um grupo conhecido como África-Caribe-Pacifico (ACP, na sigla em inglês).

Em síntese, estes acordos comerciais, somados às quotas de açúcar estabelecidas para cada país da UE, deveriam assegurar o abastecimento do mercado interno europeu, especificamente o de alimentos. Ocorre que as quantidades de açúcar provenientes dos países menos desenvolvidos e os ligados ao ACP não vêm dando conta da demanda existente na indústria alimentícia do continente, o que obrigou as empresas de refino a buscarem o produto a um preço muito elevado no mercado externo, pagando uma tarifa de até € 339 por tonelada.
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