Notícias / Agronegócio
Guaraná orgânico é aposta de pequenos agricultores de Rondônia
Globo Rural
Alto Paraíso, município com quase 20 mil habitantes, distante 200 quilômetros de Porto Velho, Rondônia, é conhecido como a capital dos jericos, veículos adaptados que ajudam no trabalho do campo. São quase quatro mil rodando pelas ruas e estradas rurais.
O município também se destaca pela agricultura. O café é a principal fonte de renda, mas nos últimos anos, um outro grão vem conquistando mercado por lá.
Na fazenda do casal Wilson e Maria Cícera Lemke, o xodó é o guaraná orgânico, que ocupa pouco mais de um hectare.
Além de não usar veneno, Wilson produz o guaraná associado com café e várias árvores, como a castanheira. Ele percebeu que o sombreamento ajuda a diminuir as doenças e o calor, melhorando o desempenho das plantas.
Este ano, a família deu um passo importante, está adequando a produção da fazenda às exigências internacionais. O objetivo é exportar o guaraná orgânico para a França.
Para conseguir a certificação Wilson precisaria investir R$ 5 mil, dinheiro que ele não tem, mas para sorte da família, a cooperativa conseguiu um convênio com o Sebrae e pegou financiamento com o Bndes e o produtor não vai precisar desembolsar nada.
Os cuidados começam na hora de podar os pés e manter os corredores com mato para proteger a terra. A colheita começou este mês. É quando o fruto abre e fica com um formato de olho. Nesta hora, não se pode perder tempo. “Ele olha para a gente e a gente olha para ele”, brinca.
O trabalho é manual e toda a família participa. O guaraná passa até quatro dias estocado para que a parte branca fermente e a casca solte. Na água, a semente fica no fundo da caixa e está pronta para secar. O quilo do guaraná orgânico sai por R$ 30, quase 40% mais do que o preço do produto convencional.
A cooperativa que vai exportar os grãos é a Coocaram, que comercializa café, castanha e guaraná orgânico no Brasil.
O trabalho rondoniense despertou interesse de uma importante distribuidora de guaraná na Europa, durante uma feira do setor na Alemanha. Até o fim do ano devem ser exportados para a França dois mil quilos de grãos e a família Lemke já sonha com o lucro que terá com a exportação do guaraná orgânico.