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Árabes reforçam interesse em investir no Brasil
Valor Econômico
Apesar da decepção com o empresário Eike Batista, os emirados de Abu Dabhi e Dubai, com fundos soberanos juntos de US$ 1,25 trilhão, demonstram interesse em continuar investindo no Brasil e vão enviar missões de negócios ao país no ano que vem
Durante a visita do vice-presidente da República, Michel Temer, encerrada na semana passada, oficialmente os xeiques controladores locais não mencionaram problemas de seus fundos soberanos nos investimentos junto a Eike Batista.
Mas a imprensa oficial, nas entrevistas, segundo fontes, trataram de transmitir o questionamento sobre segurança jurídica no Brasil, numa ilustração de que as dores de cabeça de Eike não serão esquecidos tão facilmente no Golfo Pérsico. O fundo soberano de Abu Dabhi tem US$ 750 bilhões e o fundo de Dubai outros US$ 500 bilhões.
O Mubadala, fundo de Abu Dhabi, é apresentado como o maior credor individual de Eike. E passou a controlar a MMX Porto Sudeste em conjunto com a empresa holandesa Trafigura Beheer BV, pelo qual pagaram quase US$ 1 bilhão em outubro.
No seu encontro com o príncipe herdeiro de Abu Dhabi e vice-comandante das forças armadas, xeique Mohammed bin Zayed Al-Nahyan, o vice-presidente Temer o convidou a investir no Brasil em novos projetos de Infraestrutura.
O príncipe disse que uma missão irá ao Brasil no ano que vem. Mas aproveitou para observar que o termômetro de uma relação econômica bilateral é a ligação aérea. E mostrou que as duas companhias locais têm apenas um voo diário para o Brasil comparado a 130 por semana para a Austrália.
Com o xeique Mohammed bin Rashid Al Maktoum, vice-presidente e primeiro ministro dos Emirados Arabes Unidos e controlador de Dubai, Michel Temer entregou uma carta da presidente Dilma com convite para visita ao Brasil. Makthoum, que é quem decide os investimentos locais, anunciou que irá ao Brasil em abril. Normalmente, ele viaja com uma delegação de homens de negócios da região.
Dubai atraiu a atenção global com seus gastos gigantescos desde 2002 no desenvolvimento de sua industria imobiliária e projetos de se transformar no paraíso do turismo, do comércio e de serviços financeiros na região.
Mas seus planos de Dubai foram duramente afetados com a crise global de 2008-2009, quando várias companhias estatais não puderam pagar seus compromissos no rastro da queda dos preços de imóveis e congelamento de créditos.
O emirado chegou à beira do calote e causou turbulências nos mercados globais em 2009, e só se recuperou após uma injeção de US$ 20 bilhões por parte do Banco Central da União dos Emirados Árabes e do governo e bancos de Abu Dhabi.
Em todo caso, Dubai se recupera e tem dinheiro suficiente para investir fora, dizem fontes.