Notícias / Agronegócio
Estímulo à produção de borracha no Paraná
Valor Econômico
Voltado para os plantios de Soja e Milho, o Paraná começa a se articular para entrar também no mapa brasileiro da borracha natural. A ideia é incentivar o cultivo de seringueiras como forma de atender à demanda pela matéria-prima, turbinada com a chegada no mês passado da primeira fábrica de pneus ao Estado.
Governo do Estado e associações de produtores Rurais iniciaram discussões para tentar viabilizar a heveicultura no noroeste paranaense. Além de atender à indústria, o governo avalia que a cultura poderia ser uma alternativa econômica interessante para uma região carente de opções.
É uma região com clima e solo bons para a seringueira, e também com muitas áreas de pastagens degradadas , afirma Norberto Ortigara, secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná. De acordo com ele, a heveicultura poderia abranger até cem municípios do Estado.
Desde o primeiro semestre, com a aproximação da entrada em operação da planta da Sumitomo Rubber Industries, empresa do conglomerado japonês responsável pela fabricação de pneus, na zona metropolitana de Curitiba, lideranças políticas e do agronegócio paranaense intensificaram as conversas. No próximo dia 24, representantes da Secretaria de Agricultura e da indústria pneumática, além de produtores da Cocamar e heveicultores de São Paulo (o ex-secretário paulista da Agricultura, João Sampaio, entre eles) farão um dia de campo nos arredores de Maringá para discutir uma futura produção local de borracha.
Hoje, o Paraná conta com experiências limitadas - há menos de mil hectares plantados com seringueiras -, apesar de ser um polo da indústria automotiva e, por conta disso, atrair também a indústria de pneus. Sem entrar em detalhes, Ortigara afirmou que uma empresa italiana de pneus estaria especulando instalar-se perto das montadoras.
Por enquanto, as conversas ainda estão em fase incipiente. Nenhuma ação concreta foi formulada pelo Estado. O maior gargalo, segundo Ortigara, é a falta de mudas - São Paulo, o maior produtor, não tem condições de abastecer também o mercado paranaense. Estamos na fase de articulação para conseguir o essencial, que é a muda , diz.
A intenção é fomentar viveiros de seringueiras e depois custear 50% das mudas para o produtor.
Nesse cenário, a Cocamar, segunda maior cooperativa do Paraná, atuaria como uma parceira, incluindo a cultura no portfólio de seus associados. Estamos apresentando aos produtores a borracha e os rendimentos altos que ela pode dar , disse Luiz Lourenço, presidente da entidade.
Ainda que o projeto paranaense deslanche, a expectativa de inverter a balança comercial brasileira da borracha natural não ocorrerá tão cedo. A primeira sangria da árvore ocorre apenas sete anos após o plantio. Nas próxima década, portanto, o suprimento da matéria-prima continuará vindo da Indonésia e Tailândia, os líderes em produção.
Estimativas do mercado apontam para a necessidade de 17 mil hectares ou mais para atender a demanda da Sumitomo em Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba. A empresa diz que não pretende investir em terras para garantir suprimento. Mas apoiamos intensamente as ações do Estado , disse Valnei Andretta, gerente de compras da companhia no país.
De acordo com Andretta, a Sumitomo pretende chegar à produção de até três mil unidades por dia já em dezembro deste ano e, em 2015, a 15 mil pneus por dia graças à expansão da unidade instalada. Onde tiver seringueira e látex, vai ter consumo .