“É uma vergonha dizer que a gente tem o mesmo canal de escoamento de 70 anos atrás”. Essa é a fala do presidente da Associação de Produtores de Soja e Milho (Aprosoja), Fernando Cadore,
sobre a BR-163. O produtor rural chegou a Mato Grosso com apenas seis anos de idade, presenciou o crescimento do agronegócio e principalmente o aumento de acidentes na principal via de escoamento de grãos.
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“Vou falar do ponto de vista humano. Toda pessoa que usa a BR-163, seja uma ambulância que passa, a mãe ou acriança que precisa ir para ir ao hospital, uma pessoa que trabalho no comércio, todos usam aquilo (a rodovia). O primeiro ponto é o ponto humano. Aquilo é uma vergonha, eu chego a arrepiar quando falo daquilo. Quantas mães não perdem seus filhos e quantas ainda irão perder, quantas vidas serão ceifadas”, lamentou.
“É uma vergonha dizer que a gente tem o mesmo canal de escoamento de 70 anos atrás. A BR-163 é o lastro de saída, olha o tanto que Mato grosso aumentou, o tanto que o Brasil de Mato Grosso para cima aumentou e a gente continua escoando pelo mesmo lugar”, acrescentou.
“Eu tenho esperança, acredito que o intuito do Governo do Estado é sanar primeiro o passivo, para tornar viável a concessão para que comece a ser duplicada. A gente vai estar cobrando, eu estou otimista, mas a gente não pode deixar de fazer nosso papel de cidadão. A Aprosoja vai fazer o papel institucional que é cobrar para que a duplicação saia, mas aproveito para convocar a população do estado de Mato grosso para a gente acompanhar isso e cobrar, precisamos que a BR-163 saia, que a BR-158 saia. Para se ter uma ideia, Mato Grosso tem dimensão continental, mas não tem duas BR’s que cortem de leste a oeste. Estamos falando de mais de 1 mil quilômetros de distância entre a extremidade sul e norte do estado, de leste a oeste, e a gente não tem, e de norte a sul também não”, enfatiza Cadore.
Por meio da MT Par, o Governo do Estado comprou as cotas de participação da Odebrecht Transporte e assumiu as dívidas contraídas pela Rota do Oeste para duplicação de 120 quilômetros da BR-163, entre Itiquira e Rondonópolis. Porém, diante dos investimentos que ainda serão realizados para conclusão da duplicação, o governador Mauro Mendes (UNIÃO) busca renegociar as vítimas.
Nesta quarta-feira (1), o gestor estadual afirmou que irá a Brasília para tentar pressionar a Caixa Econômica Federal (CEF) a reduzir o prazo (60 dias) determinado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para que a transferência seja enfim formalizada. Antes disso, Mauro aguardou por três meses o Banco Pine para formalizar o acordo.