Imprimir

Notícias / Agronegócio

“Aprosoja não queria impor nada, mas buscava o direito de poder fazer esta pesquisa”, diz vice-presidente sobre ação na Justiça

Da Redação - Vinicius Mendes

O vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Lucas Costa Beber, afirmou que o intuito da instituição sempre foi atender uma demanda dos produtores, em relação à pesquisa para verificar o melhor período para plantio de soja para produção de semente própria. A Aprosoja foi alvo de uma ação na Justiça, em 2020, que pedia sua condenação e de 14 produtores pela realização da pesquisa. O Ministério Público argumentava que o órgão não tinha autorização e também que o plantio em outra época poderia aumentar o risco de resistência e disseminação da ferrugem asiática.
 
Leia mais:
Pesquisa realizada por fundação comprova que fevereiro é melhor que dezembro para produção de semente de soja
 
A promotora Ana Luiza Avila Peterlini de Souza, da 15ª Promotoria de Justiça Cível de Defesa do Meio Ambiente Natural da Capital, pediu a condenação da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), e de 14 produtores do grão, por litigância de má-fé o processo referente ao plantio experimental de soja para a realização de uma pesquisa que busca respaldar, oficialmente, a melhor data limite para o plantio.
 
Ela afirmou que a Aprosoja respaldou o plantio em um acordo extrajudicial, que segundo ela não teria existido, e disse que os produtores tumultuaram o cumprimendo da medida judicial de apreensão e depósito da soja plantada. A justificativa da Aprosoja e dos produtores foi que a proposta da pesquisa era justamente respaldar que a melhor época para o plantio e produção de semente é o mês de fevereiro, e não dezembro, como vem sendo feito.
 
"O objetivo dos requeridos não encontrou, até o momento, eco e apoio da comunidade científica e nem mesmo nos órgãos de controle que, em diversas oportunidades, manifestaram-se contra a alteração do calendário de plantio, diante dos riscos que representa para a disseminação da praga da ferrugem asiática", argumentou a promotora.
 
No entanto, a autorização para a realização da pesquisa, oficialmente, veio em fevereiro deste ano. O Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Idea-MT) publicou uma Instrução Normativa que autorizou o plantio de soja de forma excepcional fora do calendário (16 de setembro a 31 de dezembro). De acordo com as novas regras, o plantio só pode ser feito para fins de pesquisas de produção e conhecimento técnico, limitando-se à área de 05 hectares, podendo chegar até 100 hectares por instituição de pesquisa anualmente.
O vice-presidente da Aprosoja, Lucas Costa Beber, afirmou que o intuito da instituição sempre foi atender os produtores, que já pediam a realização da pesquisa, que acabou por mostrar que, conforme acreditavam, fevereiro é melhor que dezembro para o plantio.
 
“A Aprosoja é entidade que representa os produtores do nosso Estado, e estava fazendo nada mais que buscar aquilo que, na prática, o produtor via que acontecia e por anos vinha pleiteando, para conseguir esta consolidação deste plantio de fevereiro. É claro que o outro lado contesta, houve contestação disso, e para esclarecer esta divergência, nada melhor do que o trabalho científico [...] então a questão é que os trabalhos que já foram publicados vêm mostrar aquilo que era defendido pela Aprosoja, que não queria impor nada, mas buscava o direito de poder fazer esta pesquisa”, disse Lucas Beber.
 
Ele ainda afirmou que a Aprosoja nunca teve intenção de acabar com o vazio sanitário, pelo contrário, foi a Aprosoja quem ajudou a instituí-lo. Segundo Lucas, o que era questionado pelos produtores era o calendário imposto, que prejudicava, principalmente, os pequenos produtores.
 
“A única coisa que a gente vê o resultado desta pesquisa é que faz jus ao pedido do produtor, e que era legítimo o pedido daquela pesquisa. Então lá atrás nós não tínhamos nem o direito de realizar pesquisa, e hoje graças a Deus o Estado também nos atendeu, deu a oportunidade de as instituições de pesquisa fazerem o estudo e verificar se realmente aquilo era viável, e foi o que a pesquisa mostrou”, afirmou o vice-presidente.
 
Um dos realizadores da pesquisa, o Dr. Erlei Melo Reis, afirmou que não há literatura científica que aponta que o mês de dezembro é melhor que o de fevereiro para o plantio. Segundo ele só existe sustentação científica mostrando o contrário. Ele criticou a tentativa de barrar a pesquisa e disse que a verdade científica é que deve prevalecer.
 
“Todo este trabalho é feito com base científica, e é bom deixar bem claro aos que estão nos assistindo, sobre os pilares da ciência que nós defendemos e estamos praticando nesta situação de Mato Grosso [...] Como um Estado, com a pujança que tem o Mato Grosso, maior produtor nacional de soja, pode através da lei barrar experimentos que vão produzir dados para melhorar o desenvolvimento do Estado? [...] Então a questão é o seguinte, há razão técnica, científica, há prova para que se estenda a época de semeadura para fevereiro, com vantagem sobre dezembro”, disse o pesquisador.
Imprimir