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Alta dos combustíveis diminui em 50% lucro de motoristas de aplicativo e provoca "debandada" da plataforma

Da Redação - Vinicius Mendes

A constante alta no preço dos combustíveis, em especial do etanol, tem feito com que vários motoristas de aplicativo abandonem este ofício. Muitos deles têm migrado para o Gás Natural Veicular (GNV) e outros começaram a atuar apenas parcialmente como motoristas, na tentativa de diminuir os prejuízos e continuar com o trabalho. A diminuição do lucro já chega a 50% para alguns. Outra prática que tem sido comum entre eles é o cancelamento de “corridas não rentáveis”, aquelas que são curtas ou que passam por regiões de trânsito intenso. A Uber afirmou que vem implementando iniciativas adicionais que buscam promover o reequilíbrio do mercado.
 
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O motorista Cleyton Freitas disse que, entre seus colegas, o que diminuiu muito foi a aceitação por corridas curtas, as “corridas não rentáveis”. Corridas, por exemplo, que saem de um ponto da região central para outro ponto também no centro, em alguns casos, causa prejuízo, segundo ele. Por isso tem aumentado o número de cancelamentos de corridas por parte dos motoristas.
 
“Começou a subir demais [o preço dos combustíveis]. Há três anos a gente rodava com etanol a R$ 2,20 e a corrida era R$ 3,50, a mínima. Hoje, a mínima continua a mesma coisa, mas o etanol foi subindo. [...] Às vezes está em tarifa dinâmica, uma tarifa boa, aí já compensa”, disse.



Segundo Cleyton, alguns de seus colegas ainda alugam carro para trabalhar. No entanto, apenas aqueles que trabalham exclusivamente como motoristas de aplicativo ainda conseguem fazer isso, e trabalhando por turnos longos. Os que alugavam para trabalhar apenas em finais de semana ou feriados desistiram em decorrência do alto custo de aluguel somado ao preço do combustível. De acordo com Cleyton houve uma queda de 40% no lucro por causa do preço dos combustíveis.
 
“A minha realidade hoje em dia é diferente, por causa do GNV. Mas até 5 meses atrás eu ainda andava com etanol e percebi que já tinha caído uns 40% o lucro. Porque assim, hoje com um tanque de combustível de etanol, para encher é em torno de R$ 260, com isso dá para rodar mais ou menos 300 quilômetros, e assim dá para fazer, em média, uns R$ 400. Há três anos a pessoa enchia o tanque com mais ou menos R$ 130 e fazia R$ 400. Então hoje está bem ruim”.
 
Ele também viu um crescimento no número de motoristas que migraram para o Gás Natural Veicular (GNV). Segundo ele, o investimento foi alto, mas vale a pena. Outra queixa que tem é com relação à Uber e a falta de reajuste na tarifa, ou estratégias para ajudar os motoristas.
 
“Esses dias a Uber fez um reajuste, acho que de 5%. É um reajuste que não dá nem para ver, não fez diferença. Mas em outras cidades ela já está com uma nova modalidade, lá em Campinas, São Paulo, que é o ‘fura-fila’. A Uber joga um preço alto, se a corrida era de R$ 5, vai para uns R$ 15, só um exemplo, e a pessoa que está apressada, atrasada, vai ter essa opção para ser prioridade. Eu acredito que vai ser bom para o motorista e para o passageiro, porque ela paga mais, mas tem certeza que vai encontrar rápido um motorista. Lá fora está sendo muito bom isso. Mas a outra modalidade não vai parar”, afirmou.
 
O motorista Jhonny Casin hoje trabalha parcialmente transportando passageiros por aplicativo. Ele tem um trabalho formal, mas atua como motorista nos finais de semana, em seu carro próprio. Segundo ele, vários fatores, somados ao preço dos combustíveis, têm feito motoristas desistir deste trabalho.
 
“Para quem não tem carro próprio, tem o problema do aluguel, que encareceu demais, mas no geral tem o problema do combustível, que em dois anos aumentou mais de 100%, no caso do etanol. Em 2019 pagávamos uns R$ 2,10 e hoje está por uns R$ 5,20 na maioria dos postos. Outro problema é o preço que se paga ao motorista, do que é repassado por corrida. Na Uber nós motoristas temos percebido que aumentou o preço para o passageiro, mas, gradativamente, não aumentou o preço repassado aos motoristas”, disse.
 
Ele também afirmou que motoristas estão tendo que escolher as corridas que valem a pena para não ficar no prejuízo. Aquelas que passam por regiões de trânsito intenso, nos horários de pico, ou aquelas nas quais o passageiro está muito longe, muitas vezes são canceladas. Ele percebeu uma queda de até 50% no lucro.
 
“Colocando faturamento contra a despesa, temos visto uma perda de 30% a 50%, em comparação a quando tínhamos um combustível um pouco mais em conta, quando o etanol estava a R$ 2,50, R$ 2,10. [...] Mas depende do dia, da semana, porque nós temos semanas que os passageiros, as pessoas que trabalham em empresas privadas, quando recebem tem uma movimentação maior na cidade, então lógico que temos um faturamento maior, mas tem as semanas de fim de mês que o consumo de transporte por aplicativo vai lá em baixo”.
 
Por causa do aumento nos custos ele decidiu trabalhar apenas parcialmente como motorista de aplicativo. Os aplicativos de transporte, hoje, para ele são a segunda fonte de renda. Ele percebeu muitos colegas deixando totalmente, ou parcialmente, este trabalho pelo mesmo motivo.
 


Jhonny disse que decidiu não migrar para o GNV justamente por trabalhar parcialmente. O problema, segundo ele, são as longas filas nos poucos postos que oferecem o combustível. No entanto, ele disse que para quem trabalha exclusivamente como motorista de aplicativo, a economia é de 30% a 50% em relação à gasolina.
 
Por meio de nota a Uber afirmou que, com relação às tarifas, busca sempre considerar as necessidades dos motoristas parceiros e, de outro lado, a realidade econômica dos consumidores. A empresa disse que vem implementando iniciativas adicionais que buscam promover o reequilíbrio do mercado no curto e no longo prazo. O Olhar Direto tentou contato com o aplicativo 99, mas não houve resposta.
 
Leia a nota da Uber na íntegra:

 
"A Uber opera um sistema de intermediação de viagens dinâmico e flexível, por isso buscamos sempre considerar, de um lado, as necessidades dos motoristas parceiros e, de outro, a realidade econômica dos consumidores, tendo em vista a preservação do equilíbrio oferta-demanda que é fundamental para a plataforma.
 
Se nos meses iniciais da pandemia a demanda caiu abruptamente devido às orientações de isolamento social, agora pessoas que antes não usavam a Uber no dia a dia passaram a optar pelo app. Diversas pesquisas, como do Datafolha, mostram essa mudança de comportamento dos brasileiros por considerarem os apps de mobilidade mais seguros para se locomover e evitar aglomerações. Esse cenário de demanda crescente por viagens vem se acentuando ainda mais com o avanço da vacinação e a reabertura progressiva de atividades pelas autoridades.
 
Nesse sentido, os usuários estão tendo que esperar mais tempo por uma viagem porque, especialmente nos horários de pico, há momentos em que há mais solicitações do que motoristas parceiros disponíveis para atendê-las. Com esse desequilíbrio temporário do mercado, também podem ocorrer com mais frequência tanto cancelamentos pelo usuário (que não deseja esperar mais tempo pela viagem) quanto recusa de viagens pelo motorista (que, pelo cenário de demanda em alta, pode presumir que haverá novos chamados de maior ganho na sequência, por exemplo).
 
A Uber vem implementando iniciativas adicionais que buscam promover o reequilíbrio do mercado no curto e no longo prazo. Nos momentos de desequilíbrio localizado, o mecanismo de preço dinâmico entra em vigor automaticamente. A ferramenta é eficiente porque, por um lado, faz alguns usuários adiarem a viagem à espera de um preço menor e, por outro, aumenta os ganhos dos motoristas para incentivar que mais parceiros se desloquem para atender aquela região. O preço dinâmico é temporário e atualizado constantemente, por isso a dica para os usuários é esperar algum tempo antes de verificar o preço novamente no app.
 
Já frente ao cenário de aumento da demanda mais rápido do que o aumento de parceiros, a Uber tem reforçado campanhas de indicação, nas quais motoristas que já dirigem com a plataforma ganham uma recompensa quando novos parceiros indicados realizam certo número de viagens. Os critérios das promoções variam de cidade para cidade, mas cada indicação concluída pode resultar em recompensa de até R$ 1.500. Outra iniciativa é o programa Uber Mentores, recentemente lançado, em que motoristas que usam a plataforma há mais tempo compartilham suas dicas com quem está começando.
 
A demanda em alta faz deste um bom momento para dirigir com o app da Uber. Os ganhos dos motoristas parceiros nas últimas semanas têm sido os maiores desde o início do ano - em São Paulo, por exemplo, quem dirige por volta de 40 horas tem ganhado, em média, de R$ 1.300 a R$ 1.400 na semana.
 
Com o aumento constante dos combustíveis, a Uber também vem intensificando esforços para ajudar os motoristas parceiros a reduzirem seus gastos, com parcerias que oferecem desconto em combustíveis, por exemplo, assim como tem feito revisões e reajustado os ganhos dos parceiros, em diversas cidades, além de lançar promoções como a campanha Grana Extra, que tem ganhos adicionais de R$ 150 a R$ 500 por semana.
 
A Uber Conta, por exemplo, que permite aos parceiros receber os ganhos logo após cada viagem, lançou em parceria com o Digio e a Elo uma promoção que vai sortear 8 carros 0km, 160 smartphones com plano pago por um ano, e 1.600 vouchers de combustível de R$ 500.
 
Iniciativas:
 
Combustíveis
A Uber vem realizando ações especiais em 2021. Por exemplo, em uma dessas ações os motoristas ganharam 20% de cashback no abastecimento do seu carro. E de forma permanente, pagando com o app abastece-aí nos postos Ipiranga, o motorista parceiro da Uber tem direito a 4% de cashback sem que, para isso, precise gastar seus pontos do programa KM de Vantagens. Isso significa que, além de receber de volta parte do valor gasto no abastecimento, o parceiro ainda acumula mais pontos para usar, por exemplo, na manutenção do carro (troca de óleo, pneu, reparos etc.). Considerando quem abastece um carro 1.0 toda semana com gasolina, por exemplo, a economia estimada supera R$ 580 por ano.
 
Promoções
Lançamos o Turbo+, um novo formato de promoção para os parceiros que adiciona um valor fixo em cada nova oferta de viagem em locais e horários específicos. Também criamos promoções com ganhos adicionais para viagens curtas e estamos testando uma nova forma do parceiro conhecer as promoções disponíveis e a tendência de ganhos por região, dia e horário, para que ele possa se planejar e escolher os melhores momentos para dirigir.
 
Celular
Os parceiros Uber Pro podem contratar com preços especiais o Uber Chip, plano pré-pago da Surf Telecom que não desconta dados para navegação nos apps mais usados pelos motoristas, como Uber Driver, Waze e WhatsApp. No plano Diamante semestral, o Uber Chip representa uma economia estimada de R$ 384 por ano.
 
Saúde
Com o Uber Pro, os parceiros têm isenção de mensalidades no Vale Saúde Sempre, que dá descontos em consultas, exames e medicamentos, válidos também para dependentes, uma economia que chega a R$ 359 por ano. O programa também oferece redução de até 50% na mensalidade do TotalPass, aplicativo que permite usar centenas de academias no país, incluindo a rede SmartFit, uma economia estimada em R$ 659 por ano. Essa vantagem também vale para até dois familiares do parceiro.
 
Formação
Parceiros Uber Pro têm descontos de até 50% na mensalidade de cursos de graduação à distância - como Administração, Engenharia, Logística, entre outros - oferecidos pelas instituições de ensino superior da Kroton (Ampli, Anhanguera, Unopar, Pitágoras, Unime, Unic, Fama e Uniderp). Trata-se de uma economia estimada em R$ 1.019 por ano. Os descontos também valem para até três familiares do parceiro.
 
Idiomas
O Uber Pro dá acesso gratuito aos cursos de idiomas oferecidos pela Rosetta Stone, empresa com mais de 30 anos de experiência no ensino de diversas línguas. O aprendizado é integrado ao aplicativo usado pelos motoristas e consiste em mais de 200 lições de leitura, escrita e conversação. Com essa vantagem, o parceiro da Uber tem uma economia estimada de R$ 480 por ano.
 
Uber Conta
Operacionalizada pelo Digio, a Uber Conta permite que os parceiros recebam os ganhos logo após cada viagem, sem pagar taxas e o valor começa a render automaticamente 100% do CDI. Além disso, a Uber Conta dá acesso a vantagens exclusivas como isenção de mensalidade por dois anos na tag Veloe de pedágios e estacionamentos (economia de R$ 454) e desconto ou cashback usando o Cartão Uber em lojas parceiras.
 
Educação financeira
Todos os parceiros da Uber têm acesso gratuito a uma plataforma educativa, elaborada em conjunto com o Banco Mundial e o Sebrae, com sessões sobre gestão financeira, controle de gastos, gerenciamento de dívidas e planejamento de longo prazo, entre outros tópicos."
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