Presidente de associação aponta falta de isonomia na abertura de comércio de rua e fechamento de shopping
Da Redação - Isabela Mercuri
O presidente da Associação Brasileira de Shopping Centres, Glauco Humai, afirma que há falta de isonomia do prefeito de Cuiabá ao permitir a reabertura do comércio de rua e manter os shopping centres fechados na capital. A associação entrou com uma ação no Tribunal de Justiça pedindo a reabertura e, segundo Glauco, o procedimento foi realizado em todas as cidades do Brasil que agiram da mesma forma.
“É um entendimento da associação, que representa os 587 shoppings do Brasil, de que deve se haver uma isonomia entre o comércio de rua e os shopping centers. Não há nenhum motivo, no nosso entendimento, que faça essa diferenciação”, disse ao Agro Olhar. “Passa uma mensagem equivocada para o consumidor e para qualquer pessoa, de que o shopping é menos seguro do que a rua, o que não é verdade. Nós estabelecemos que município que tenham decreto de reabertura da rua e mantenham os shoppings fechados, a partir de um período, nós vamos questionar judicialmente, não como forma de pressionar a Prefeitura, mas no sentido de, olha, existe uma isonomia e nós estamos tão preparados a abrir quanto a rua”.
Segundo o presidente, houve um diálogo da associação com o prefeito Emanuel Pinheiro, mas, diante da divergência de ideias, a única saída foi a justiça. “Ele entendeu, disse que é do direito nosso, então nao há nenhuma aresta com a Prefeitura, nada disso, estamos usando todos os argumentos possíveis para defender os interesses dos nossos associados, sempre preservando a saúde”, explica. “As nossas ideias não foram capazes de convencer o prefeito. Então o prefeito tem a argumentação dele, a tese dele, tem todo o cuidado com a saúde de Cuiabá, está zelando por isso, e no entendimento dele, precisa de mais um tempo pra poder ter segurança em abrir um número maior de estabelecimentos, o que inclui shopping. Então são teses diferentes”.
Atualmente, cem shopping centers já estão reabertos em todo o Brasil, em 54 cidades, segundo a Abrasce, seguindo um protocolo de operações que visam impedir a disseminação do novo coronavírus (covid-19). Em Mato Grosso, centros de compras de Rondonópolis e Várzea Grande já estão em funcionamento.
Um vídeo que viralizou no final do mês de abril, no entanto, amedrontou parte da população, ao mostrar a população indo em massa à reabertura do shopping de Blumenau, em Santa Catarina. Para Glauco, este foi um caso isolado. “Nesse dia, que foi noticiado pela imprensa, existiam 43 shoppings abertos no Brasil, simultaneamente, e teve um caso, que durou cerca de uma hora, porque eu acompanhei bem o caso ali, e foi noticiado. Eu não vi nada na imprensa noticiando os 42 shoppings com controle, com isolamento, com fluxo controlado de pessoas”. O presidente ainda explicou que o caso de Blumenau foi respondido prontamente pelo administrador do shopping, e que a situação foi contornada.
Em todos os cem shoppings que operam no Brasil, segundo a associação, o público que circula é de cerca de 50% no início, com aumento gradual, e de 40 a 50% das vendas, em relação aos números anteriores ao fechamento. “Todos sabem que é um novo normal, não vamos abrir um shopping e recuperar a normalidade, vai se demorar um tempo para recuperar o fluxo de vendas de antes da pandemia”, declara Humai.
Com esta diminuição, os lojistas ‘pedem socorro’ e, como resposta, a Associação disponibilizou, desde o início da pandemia, mais de R$2 bilhões em suspensão de alugueis, fundos de promoção, condomínio reduzido e boa parte absorvido pelos administradores de shoppings. Mesmo assim, em todo o Brasil, 20% das lojas já fecharam ou pretendem fechar nos próximos 30 dias.