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Sindicato diz que custo de produção em MT é muito alto e revisão de incentivos aumentará preço da carne

03 Jul 2019 - 11:50

Da Redação - Wesley Santiago/Da Reportagem Local - Carlos Gustavo Dorileo

Foto: Assessoria Sindicato Rural de Cuiabá

Sindicato diz que custo de produção em MT é muito alto e revisão de incentivos aumentará preço da carne
O presidente do Sindicato Rural de Cuiabá, Jorge Pires de Miranda, explicou que o custo de produção em Mato Grosso é muito alto e que o projeto de lei complementar que revalida os incentivos fiscais no Estado só trará prejuízos, principalmente ao consumidor final. No setor de carnes, o aumento deverá ser de 7% com a proposta do Executivo.

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Segundo Jorge Pires, dentro desta questão de incentivos existe uma série de ações que devem provocação o aumento na taxação do Estado. “Isso é também o caso da carne, já que o consumo interno era isento. Nós consumimos apenas 10% do que é abatido aqui e o resto exportamos”.
 
No consumo interno, segundo o sindicato, existia a isenção do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS). Com a taxação de 7%, o presidente entende que o consumidor final é quem será impactado.
 
“Vai onerar o preço da carne em todos os municípios de Mato Grosso. O Estado é muito grande, o Executivo está tendo dificuldade de interpretação. Muitas vezes, esta picanha que o governo fala que é mais cara aqui do que em São Paulo, muitas vezes sai daqui, é industrializada lá e volta. É diferente de comprar uma picanha no interior do Estado, onde temos produção própria. Esta irá aumentar 7% para o consumidor final ou reduzir o mesmo tanto para o produtor, porque muitas vezes não consegue repassar este valor para os usuários. Certamente, a indústria não ficará com esta carga.”, disse o presidente.
 
Para Jorge Pires, a preocupação com esta revisão dos incentivos é bastante grande. Isso porque, em Mato Grosso, as empresas tem um custo considerável com energia elétrica, logística e com os problemas de infraestrutura do Estado. Sendo assim, o custo de produção é maior aqui do que em Goiás, Mato Grosso do Sul e São Paulo, onde há incentivos.
 
“Temos interesse que o Estado agregue valor a sua produção, mas com este custo de energia, infraestrutura que temos, inviabiliza todo o setor produtivo”, finalizou o presidente.
 
Corrida contra o tempo
 
A pressa para aprovar a reinstituição dos incentivos fiscais em Mato Grosso, o curto tempo e o volume de detalhes que constam do Projeto de Lei n° 53/2019 - Mensagem n° 114/2019 - do Poder Executivo podem obrigar o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, deputado Eduardo Botelho (DEM), a suspender o recesso parlamentar do meio do ano.
 
A primeira votação do projeto já deve acontecer na terça-feira (2) e a partir dai os deputados deverão ampliar os debates com diferentes setores. Botelho afirma que o desafio da Assembleia é aprovar um texto equilibrado, que corrija distorções e privilégios, mas que não sufoque nenhum setor produtivo em Mato Grosso.
 
Mamata
 
Levantamento feito pela Secretaria de Fazenda (Sefaz) nos dados dos incentivos fiscais concedidos por Mato Grosso nos últimos 15 anos revelou, segundo o governador Mauro Mendes (DEM), crime contra a administração pública. Isso porque os benefícios concedidos a diferentes setores simplesmente não eram registrados e o Estado estava deixando de arrecadar muito mais do que se imaginava.
 
Em entrevista concedida nesta quinta-feira (27), Mendes fez uma analogia das políticas de fomento com a educação infantil e afirmou que chegou a hora de cortar a “mamadeira” de alguns setores em MT.
 
“O algodão, por exemplo, quando começou 20 – 30 anos atrás, ou mais, fazia todo sentido [ter incentivo], Mato Grosso não produzia nada. Hoje a cadeia cresceu, se desenvolveu e você não pode dar mamadeira para a criança a vida inteira. Você dá quando ela é pequena, quando não consegue andar, depois ela começa a aprender a comer na colherzinha, depois ela começa a comer sozinha e chega um ponto que tem que se virar. Então calma, o Estado não pode ficar a vida inteira dando incentivo fiscal para um determinado setor. O incentivo fiscal é para desenvolver cadeia. Se ela já se desenvolveu, se ela já cresceu, se ela já é robusta, não precisa mais de incentivo fiscal”, ilustrou Mendes.
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