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Quinta-feira, 28 de março de 2024

Notícias | Cooperativismo

Assentamento no sertão da Bahia muda sua história fazendo cultura

Um assentamento na Bahia mudou a sua história fazendo cultura. No Povoado de Rose, os agricultores dizem que não basta a enxada para prosperar, é preciso também a caneta. Por isso, eles criaram um projeto de griôs, palavra de origem africana que significa contador de história, ou mestre em um saber, em uma tradição ou em um ofício.

O Povoado de Rose fica a 260 km de Salvador, no município de Santaluz, região semiárida da Bahia. O povoado descobriu que, para prosperar, a cultura era tão importante quanto a agricultura e foi um dos primeiros a pedir incentivo do governo para resgatar a arte dos assentados e valorizar as expressões sertanejas.

“Descobrimos que tinham pessoas com mais de 40 anos, que iam da roça para casa sem qualquer atividade social, de lazer. Agora, com as atividades lúdicas, cantiga de roda, o samba de roda, eles estão participando”, conta José Roque Saturnino Lima, coordenador do projeto Expressões Sertanejas.

Hoje, o Povoado de Rose é uma agrovila que virou referência na região nordeste da Bahia. Conta com 140 casas, ruas e uma avenida com canteiro central arborizado. Em 1989, só havia barracas feitas de lona preta na área. “Na ocasião, nós tínhamos 120 barracos, aproximadamente 400 pessoas, passamos quatro anos nessa situação”, conta Ezequiel Santiago, morador do local.

A professora Solange Pomponetti da Silva explica como é feito o trabalho com os griôs: “Uma vez por semana, a escola abre espaço para o griô, para ele vir contar história na sala de aula e depois a gente transforma isso no pedagógico”.
“As pessoas aqui estão acima da linha da miséria. Somos pobres, mas é um pobre que consegue viver. Cerca de 500 pessoas moram aqui, temos uma casa de farinha, uma sede da associação, posto de saúde, quadra de esportes, energia elétrica, sistema de abastecimento de água e uma escola”, conta um griô da região.

A vida no local não é um mar de rosas. Há problemas como lixo acumulado, esgoto a céu aberto e computadores coletivos que passam mais tempo fora do ar do que conectados a internet. Além disso, depois de 23 anos, o povoado não conseguiu o título definitivo do Incra. Porém, as pessoas têm um teto digno, com casas com os itens básicos de consumo.

O assentamento está dando certo e o sem-terra está virando proprietário, experimentando a inclusão social. Para os moradores, o que uniu a vila foram os projetos culturais, principalmente o dos griôs, onde os mais velhos passam o que sabem para os mais novos.
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