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Quinta-feira, 28 de março de 2024

Notícias | Economia

Lobby agrícola nos EUA perde força com alta dos alimentos

O atraso para a votação da lei agrícola nos Estados Unidos reflete a queda da influência do tradicional lobby do setor num momento em que as preocupações com o aumento dos preços dos alimentos é cada vez maior, disse Paul Morris, diretor executivo da agência de estimativas de agricultura da Austrália ao Wall Street Journal.

Os legisladores americanos esperam renovar os esforços para passar uma nova Farm Bill de cinco anos em novembro, quando a corrida presidencial tiver acabado. No mês passado, a aprovação da nova regulação do setor, que inclui mudanças em subsídios federais, empréstimos e programas de seguro, fracassou. A nova lei tem enfrentado dificuldades na Câmara dos Deputados porque os conservadores republicanos estão relutantes em apoiá-la, pois consideram que oferecerá subsídios desnecessários. A regulação anterior venceu em setembro, deixando os agricultores americanos em dúvida sobre o apoio do governo no futuro.

Tradicionalmente, os agricultores americanos têm exercido influência política significativa, pois formam blocos em vários estados. Mas, para Morris, presidente do Escritório Australiano de Agricultura, Recursos Econômicos e Ciências (Abares, na sigla em inglês), o impasse sobre o projeto de lei mostra que as coisas estão mudando. 'É bastante revelador o fato de eles não terem conseguido passar a lei', disse. 'No momento, há muitos assuntos importantes dentro da economia que podem ofuscar as necessidades do setor agrícola.'

O apoio do governo para a agricultura tem sido reduzido devido às altas dos preços dos alimentos nos últimos cinco anos. O suporte estatal para o setor nos 34 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)caiu para o menor nível desde que o órgão começou a registrar esse tipo de dado em meados dos anos 1980, ficando em 19% da renda dos agricultores. A Austrália tem o segundo menor nível de subsídios entre as nações da OCDE, representando 3% da renda agrícola.

Mesmo os subsídios nos Estados Unidos para estimular o uso de etanol de milho - uma prática que consome cerca de 40% da produção do cereal a cada ano - estão sendo questionados após a pior seca em décadas fazer os preços do milho subirem para máximas recordes.

Segundo Morris, quaisquer reduções do valor dos subsídios teria um 'impacto significativo sobre os preços' dos grãos. Se o volume de milho usado para a fabricação de etanol caísse pela metade, ele estima que as cotações dos grãos recuem até 10% com a volta de mais cereal para o mercado.

Em termos globais, ele prevê que a redução de outros programas de apoio a biocombustíveis, como os em andamento na Europa e no Brasil, poderia chegar a uma diminuição de 30% dos ganhos que foram atribuídos pelo uso de produtos alimentícios para combustível na última década. As informações são da Dow Jones.
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