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No caminho da sustentabilidade

Endrigo Dalcin

Manter uma propriedade rural adequada às exigências da legislação ambiental e trabalhista brasileira é um desafio diário. Obter o reconhecimento internacional de que a soja cultivada em fazendas espalhadas pelo interior de Mato Grosso é sustentável pelo exigente mercado europeu é ainda mais desafiador. Mas é exatamente o que faremos nesta quinta-feira, 19 de janeiro.

Nessa data, assinaremos um memorando de entendimento com organizações que representam a indústria europeia de ração animal, proteína e óleo vegetal, em Lisboa. O documento, mais do que um pedaço de papel, formaliza que o mercado europeu vê a produção de soja mato-grossense no caminho da sustentabilidade. E a chave para isso é o programa Soja Plus.

Criado em 2011, o programa é desenvolvido pela Aprosoja e pela Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), com apoio do Senar-MT. Sua razão de ser é incentivar a adoção de boas práticas de gestão nas fazendas, a partir de muita, muita orientação ao agricultor.

Nossa equipe vai a campo, visita in loco cada propriedade participante, e pergunta aos agricultores: você está cumprindo as exigências legais ambientais e trabalhistas? Fazemos um check list do que precisa ser adequado, sempre ao lado e no ritmo daquilo que o produtor consegue implementar. Realizamos cursos, treinamentos em que não apenas o dono da fazenda, mas sua equipe de colaboradores, aprende, relembra ou se atualiza sobre o que pede cada lei brasileira.

O programa tem tido sucesso. Hoje, temos 1.084 agricultores participando do Soja Plus somente em Mato Grosso, o que corresponde a aproximadamente a 21% do total de sojicultores existentes em nosso estado. A iniciativa chegou também a Mato Grosso do Sul, Bahia e Minas Gerais, e tende a continuar em ascensão.

Com a assinatura do memorando em Lisboa, Fefac, Fediol – duas entidades que representam a indústria europeia – e IDH – ong europeia focada em cadeias produtivas globais – atestam "que estamos no caminho certo". Esse reconhecimento se soma à validação do governo chinês, que no ano passado formalizou a aceitação do programa Soja Plus como passaporte da soja brasileira.

Queremos registrar a parceria com o mercado europeu porque, afinal, estamos falando do mais criterioso e exigente consumidor da nossa soja. Contar com a confirmação de que o nosso programa é um ótimo caminho para chegarmos no patamar almejado pelos nossos compradores europeus é uma notícia muito boa para começarmos o ano.


* Endrigo Dalcin é engenheiro agrônomo e agricultor em Nova Xavantina. Atualmente, é presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja)
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