Imprimir

Artigos

Expedição Soja Brasil: Região Oeste de MT

Glauber Silveira

Em Sapezal, durante uma tarde toda conversamos com produtores sobre a situação da safra e os relatos eram unânimes. A soja precoce, por ser plantada primeiro, apresentou perdas significativas com a falta de chuva. Além disso, devido à seca, a soja está florescendo na tentativa de garantir suas sementes, sem falarmos nas áreas que foram plantadas e não nasceram.

Pude, sem sombra de dúvida, entender a importância de um bom tratamento de semente. Era nítido que onde a semente foi bem tratada a soja resistiu muito mais. Outro fator importante que observamos foi com relação ao sistema de plantio. Nas áreas onde foi feito o plantio direto a soja tem um aspecto muito melhor, fator que observamos também nos Estados Unidos quando da expedição naquele país, em setembro.

Partimos para Campo Novo do Parecis enquanto, no meio do trajeto, uma das equipes de reportagem seguiu em rumo diferente. Eles deveriam adentrar a reserva indígena e se encontrarem com alguns índios que estavam plantando soja dentro da aldeia. Após inúmeras brincadeiras de nossa parte, a equipe seguiu para a aldeia, e nós para Campo Novo.

Em Campo Novo a situação era muito semelhante a de Sapezal. Com apenas 50% da área de soja do município plantada, dos quais 10% sujeitos ao replantio caso não chova nos próximos dias, muitos produtores pararam de plantar e outros continuam se arriscando plantando no pó.

Sergio Stefanello, produtor tradicional da região, diz que terá que replantar uns 400 hectares de soja, e que parte da sua segunda safra de milho já está comprometida. A preocupação dele é no sentido da janela para o plantio de girassol ficar muito curta e ter que diminuir a área da cultura.

As transmissões ao vivo para o programa Mercado e Cia foram feitas diretamente da lavoura como, no dia anterior, em Sapezal. Sem dúvida foi um grande desafio para a equipe ficar por três horas no sol do meio dia, muitos passaram mal, inclusive eu.

Era por volta das duas horas da tarde e nos demos conta que a equipe que foi cobrir a reserva indígena não havia voltado. Esperamos mais um pouco, fizemos alguns telefonemas e nada. Lá foi nosso amigo Bandeira, do Sindicato Rural, em busca dos perdidos.

Felizmente nada aconteceu, muito pelo contrário, nossa equipe foi muito bem recebida pelos índios que falaram da importância da soja na vida deles, que agora eles têm conseguido comprar remédios, roupas e alimento. A soja permitiu que eles tivessem uma vida digna.

Seguimos para Diamantino, o berço da soja em Mato Grosso. Se bem que há controvérsias. Segundo Ademir Rostirolla (Gringo), produtor rural da região, o plantio começou foi em Jaciara, e só dois anos mais tarde deu início em Diamantino. Controvérsias à parte, sem dúvida foi em Diamantino que a soja prosperou tomando conta do cerrado improdutivo e fazendo surgir tantas cidades que iremos mostrar nos próximos dias.

Em Diamantino a situação das lavouras é critica. Não chove há quase um mês para a maioria dos produtores (a última chuva foi dia 4/10), sendo que alguns ainda não viram uma gota sequer. Com isto, a segunda safra de milho já se encontra comprometida e os produtores estão agora com um dilema, pois compraram o pacote para o plantio do milho e não sabem se será viável plantar.

Com os problemas climáticos emergiu dos produtores uma só reclamação, antiga, porém atual: a falta de um seguro agrícola adequado. Veio a saudade do "Plante que o João garante" - programa do governo militar. Conversamos com mais de 10 produtores, todos pioneiros da soja em Mato Grosso, e a insatisfação com o governo seja estadual ou federal é muito grande.

Uma coisa já é certa, teremos diminuição na expectativa da safra de soja e também do milho no Estado. Se o governo não se atentar com relação ao milho, enfrentará um problema maior do que o que vem enfrentando atualmente. Felizmente, os preços estão compensando uma possível perda de produtividade nas lavouras, com isto vemos ainda sorriso nos rostos dos produtores.

Hoje seguimos para Nova Mutum e daí para Lucas do Rio Verde, Tapurah e em frente. Acompanhe.

GLAUBER SILVEIRA é produtor rural, engenheiro agrônomo, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja, idealizador o Projeto Soja Brasil Twitter: @GlauberAprosoja E-mail: glauber@aprosoja.com.br
Imprimir