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O perfil dinâmico da mulher rural

Cristiane Celina

Mesmo estando numa época onde o perfil da mulher moderna é aquela que trabalha fora e é tão competitiva e ativa quanto os homens, ainda é possível vermos um perfil de mulher bem diferente dessa mulher moderna que vemos nas grandes cidades: a mulher rural não é simplesmente “do lar”, é tão batalhadora quanto o homem rural que lida com o trabalho pesado do campo.

Conheci recentemente, acompanhando uma visita técnica da Empaer de Salto do Céu, dona Deolinda Candeias Maria Vilela, de 49 anos, nascida no Espírito Santo e há mais de 25 anos (depois de seu casamento com o produtor Hugo Antônio Vilela, de 53 anos) mudou-se para o município. O casal é um dos produtores familiares tradicionais que fazem parte das 90 famílias cadastradas no Projeto Ater/MDA 2008, do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Um produtor familiar tradicional é aquele que tem uma pequena propriedade com culturas diversificadas que utiliza técnicas artesanais e ancestrais, ou seja, quando o conhecimento é repassado de geração para geração.

A lida de dona Deolinda começa às cinco da manhã, além dos afazeres domésticos, entre limpar e organizar a casa, preparar a comida da família, ela ajuda seu marido em várias atividades do Sítio São José, que fica a 14 km de Salto do Céu.

Como eles acordam muito cedo, costumam almoçar as 09:00 horas da manhã. Dona Deolinda cuida sozinha, da horta que fica atrás da casa, faz pão caseiro com fermento também caseiro, cria frango e porco caipira. Do almoço, que teve como prato principal um frango caipira ao molho, a farinha de mandioca torradinha, o cafezinho saboroso depois do almoço, a couve, o tomate, suco de cajá-manga, tudo produzido no próprio sítio!

Como não ressaltar também, a receptividade e hospitalidade de uma pessoa tão simples e generosa, visto que ela fez questão de convidar nossa equipe de comunicação para saborear um almoço delicioso feito no fogão à lenha!

Dona Deolinda é pequena e magrinha, mas de uma grandeza de alma e sabedoria... Diz que quando está cuidando da sua horta, esquece completamente do mundo lá fora, e se diz muito feliz em lidar com a terra, e eu acredito!

Neste caso somente o filho do meio, o Heron, ajuda os pais na lida dos afazeres do sítio. A Juliana trabalha em um município vizinho e a caçula Mariane mudou-se e está trabalhando no Canadá.

Sabemos de pesquisas que já constataram o fator do envelhecimento da população rural. Essa configuração populacional pode comprometer a sucessão nos estabelecimentos rurais, interferindo assim, na dinâmica social e produtiva do meio rural.

Hoje, boa parte da população jovem, tem mais acesso à escolaridade com viés urbano e a cidade ainda é visualizada como futuro promissor. As mulheres jovens fazem parte de um grupo de êxodo rural seletivo, pois as moças adquirem maior grau de escolaridade em relação aos rapazes, sendo preparadas desde cedo pela família, para a vida e o matrimônio urbano.

Pensando no sentido do desenvolvimento rural sustentável, pergunto: “Qual será o futuro de regiões rurais com população envelhecida?” e até quando iremos encontrar esse perfil dinâmico de mulher rural???


*Cristiane Celina é formada em Comunicação Social pela UFMT e assessora de comunicação na Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer).
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